Ricardo Romano
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"Um bom disco justifica sempre os meios”- defendeu-se Ricardo Romano, ao ser acusado de ter vendido o rim esquerdo da sua tia entrevada para comprar uma edição rara do Led Zeppelin II - o melhor disco de sempre. O juiz não se convenceu, mandando-o para uma prisão com condições desumanas, onde uma vez foi obrigado a ouvir do princípio ao fim um disco dos Creed. Actualmente em liberdade, cumpre pena de trabalho a favor da comunidade no site Altamont mas a proximidade com boas colecções de discos não augura nada de bom.

José Afonso – Fados de Coimbra e Outras Canções (1981)

Em Fados de Coimbra e Outras Canções, Zeca Afonso regressa à casa de partida: a Canção Coimbrã. 

José Afonso – Fura Fura (1979)

Fura, Fura ocupa um lugar singular na discografia de José Afonso, talvez por ser o mais dramatúrgico dos seus álbuns: oito dos doze temas provêm de colaborações com o teatro.

“Canarinho” – José Afonso

“Canarinho” é, provavelmente, o tema mais experimental em todo o cancioneiro de José Afonso: minimalista e hipnótico, repetindo-se de uma forma obsessiva, como quem desbasta caminho numa selva, encontrando sempre o mesmo estonteante calor húmido.

“Maio Maduro Maio” – José Afonso

A flauta de “Maio Maduro Maio” é delicada como uma brisa fresca.

José Afonso – Com as Minhas Tamanquinhas (1976)

Com as Minhas Tamanquinhas troca a poesia cuidada dos discos anteriores por um estilo panfletário mas imaginativo. Uma crónica vivida da revolução de Abril. Primeiro andamento: o sonho do PREC. Segundo andamento: o fim da festa.

“Mulher da Erva” – José Afonso

“Mulher da Erva” tem uma melodia linda e colorida, um festim de prazer para o nosso córtex auditivo. A letra é de uma comovente empatia, como se assim se conseguisse aliviar um pouco o fardo de erva que a pobre velha carrega.

José Afonso – Cantigas do Maio (1971)

Cantigas do Maio não é só o melhor álbum do Zeca. É o nosso melhor disco, ponto. O momento em que o seu bonito projecto – de reinvenção profunda da música tradicional portuguesa – atinge o seu auge poético.

“Ronda das Mafarricas” – José Afonso

A profana “Ronda das Mafarricas”, com as suas quatrocentas bruxas e o chibo velho a dançar no adro, tem letra do pintor António Quadros. O berimbau de boca e as sílabas insólitas inventadas pelo Zeca acentuam a estranheza pagã de todo o imaginário.

“Coro da Primavera” – José Afonso

A Primavera de Abril quase a chegar…

Playlist da Semana: Especial José Afonso

Em semana de especial José Afonso, a playlist será dedicada ao nosso mestre. Essa é, aliás, uma das vantagens da reedição em curso: ir disponibilizando a sua obra nas plataformas digitais. É degustar com deleite.

Especial José Afonso

Nas próximas duas semanas, esmiuçaremos os seus 14 álbuns de estúdio, recordaremos o mítico Ao Vivo no Coliseu e lançaremos algumas reflexões sobre o seu legado.

João Gilberto e Stan Getz – Getz/Gilberto (1964)

É bossa nova? É jazz? Não, é Getz/Gilberto. Um dos discos definidores dos anos 60.

Sufjan Stevens – Illinois (2005)

O quinto álbum de Sufjan Stevens, Illinois, é uma espécie de Pet Sounds do século XXI: pop barroca com melodias lindas de morrer.

De La Soul – 3 Feet High and Rising (1989)

O álbum de estreia dos De La Soul, 3 Feet High and Rising, é a obra-maior dos chamados anos de ouro do hip-hop. Groovy, irreverente e colorido.

The Cramps – Songs the Lord Taught Us (1980)

O seu álbum de estreia, Songs the Lords Taught Us, tem tudo o que mais gostamos nos Cramps: revivalismo rockabilly, sujidade punk e imaginário macabro série B.

Eminem – The Marshall Mathers LP (2000)

O terceiro álbum de Eminem, The Marshall Mathers LP, é a sua polémica obra-prima: provocadora, espirituosa, imaginativa.

Neu! – Neu! 75 (1975)

Neu! 75, terceiro álbum do duo de Dusseldörf, é a sua incontestável obra-prima. Contemplativa no lado A, mas zangada no lado B, lança pistas em todas as direcções. Um farol para a música ambiente e para o pós-punk.

Buraka Som Sistema – Black Diamond (2008)

O álbum de estreia dos Buraka Som Sistema, Black Diamond, não é só um grande disco de kuduro progressivo (com tudo o que isso implica de polirritmos frenéticos). É um retrato – e um horizonte – da Lisboa mestiça do século XXI.