Às vezes o mais punk a fazer é ser criança. Ter o cabelo à escovinha, ir às aulas. Ser acompanhado para casa tendo na intenção dessa companhia nada senão uma boa conversa durante o trajecto. O discurso é estúpido, mas também vocês o são por se acharem grandes contras ao estarem a cagar-se para toda a gente, usarem skinny jeans e ouvirem Death Grips. Mea culpa nas últimas duas, mas pelo menos não me estou a cagar. Nem os Beat Happening se estavam a cagar.
A despreocupação estava-lhes no sangue, o suficiente para não se importarem com cantarem ou tocarem respeitavelmente bem. Porém isto só acontecia porque eram crianças adultas, preocupadas única e exclusivamente com cantar e tocar o que lhes vinha à cabeça, sem adereços, filtros ou ponderação (quando o fizeram, acabaram). São, por isso, dos grupos mais despretensiosos de que há memória. E isso ganhou-lhes simultaneamente o respeito dos seus pares (Kurt Cobain e Isaac Brock incluídos nesse grupo) e uma peugada musical na história do twee e da indie pop demasiado grande para contornar. Expliquem-me lá outra vez porque é que Real Estate é muito bom.
\m/ Fui ao jardim da Celeste, giroflé-giroflá… \m/