Jorge Palma há de ser dos músicos e poetas mais injustiçados deste nosso Portugal. Por muito genial que seja a forma como casa a letra, a voz e o piano, talvez uma maioria o recorde apenas como o autor de canções melosas e sem importância como “Encosta-te A Mim”. Mas em 1991, mais de dez anos antes de desastres musicais similares, lançava um dos mais maravilhosos discos pop que este canto da Europa já conheceu – Só, tal como o nome indica, encontra Palma sozinho ao piano, fazendo das suas oitenta e oito teclas mil e uma histórias. “Terra dos Sonhos” é uma delas, mais um tema no qual o narrador, tal como a Kate Bush o fazia ontem, se entrega à fantasia de um mundo que não opera segundo as leis injustas do mundo físico. Aqui, é tão simples como um sítio onde “podes ser quem tu és, ninguém te leva mal”. Uma frase que Palma talvez não fosse imaginar tão pertinente para o estado atual das coisas há quase trinta anos atrás.
“Terra dos Sonhos” – Jorge Palma
