Ao longo dos últimos 50 anos, “Canção de Embalar” foi usada para adormecer milhares de crianças por este país fora. Há-de embalar outras tantas no futuro. E continuar a comover todos aqueles que veneram o genial trovador.
Amélia Muge – Amélias (2022)
O novo álbum de Amélia Muge, Amélias, é uma bonita homenagem ao canto entre mulheres.
“Papuça” – José Afonso
Zeca escrevinhando a sua herança política, recordando o PREC com carinho: “a multidão na rua / ouve-se a banda tocando o MFA / a revolução é p’ra já”.
“Ronda dos Paisanos” – José Afonso
“Ronda dos Paisanos” trata de uma forma leve e divertida um tema pesado e sombrio: a guerra colonial.
“Utopia” – José Afonso
À primeira audição, desconfiamos dos sintetizadores atmosféricos de “Utopia”, como se fosse um corpo estranho à obra do Zeca. Mas quando percebemos o quanto aquela electrónica nebulosa traduz o éter das próprias palavras, tudo, de repente, ganha sentido. Até os…
José Mário Branco – FMI (1982)
O Maxi single de José Mário Branco, FMI, é um disco muito especial: sincero, vulnerável e profundamente humano.
Fausto – A Preto e Branco (1989)
Em 1989, Fausto pega em poemas africanos e faz um disco que é uma terna e quente carta de amor aos seus tempos de Angola.
A Garota Não – 2 de Abril (2022)
2 de Abril é um disco bonito e intenso. Um sério candidato a disco do ano. A Garota Não já ganhou espaço nos nossos ouvidos e nos nossos corações. Vale a pena ir à luta com ela. Durante os anos…
Nuno Saraiva em Entrevista: “É uma honra editar José Afonso”
Estivemos à conversa com Nuno Saraiva, o responsável – através da Lusitanian Music, selo Mais Cinco – pela reedição da obra de José Afonso. Tudo girou à volta da boa-nova editorial.
Os Filhotes do Zeca
José Afonso foi um dos maiores revolucionários da canção nacional e influenciou todas as gerações que lhe seguiram. Mas a herança de Zeca vai muito além da música.
“Eu Dizia” – José Afonso
O último tema que Zeca cantou em estúdio. Como seria de esperar, a voz fraqueja, e nem os quilos de reverb conseguem disfarçá-lo. Essa vulnerabilidade – humana, demasiado humana – torna tudo mais comovente.
“Senhor Arcanjo” – José Afonso
A divertida “Senhor Arcanjo” tem um icónico falso começo: “ó Zé Mário, não se ouve, pá”. A letra é deliciosamente nonsense, com anjos a caírem no alguidar e doutores a comerem repolhos, surrealista e popular ao mesmo tempo. As congas dão-lhe o remate final: um exótico travo africano.
José Afonso – Galinhas do Mato (1985)
Como se despede um génio? O derradeiro álbum de José Afonso, Galinhas do Mato, é a resposta bonita à pergunta triste.
“Cantigas do Maio” – José Afonso
“Cantigas do Maio” abre com um acordeão dolente, uma levíssima pincelada por cima da viola quase fadista. No refrão o tempo duplica, para dar mais força à catarse emocional dos versos roubados ao cancioneiro popular: “minha mãe quando eu morrer…”. O acordeão, antes suave, é agora nervoso e agitado.
José Afonso – Ao Vivo no Coliseu (1983)
A despedida de Zeca, já debilitado pela doença, dos palcos, numa noite de lágrimas e vozes ao alto.
“Milho Verde” – José Afonso
O ritmo sincopado de um adufe dá balanço a “Milho Verde”, um bonito tema popular, com um imaginário singelo e malandro ao mesmo tempo: “à sombra do milho verde namorei uma casada”…
“Cantar Alentejano” – José Afonso
Menos é mais, pensou José Mário Branco quando chegou a hora de encenar “Cantar Alentejano”, a comovente elegia a Catarina Eufémia. O dedilhado da viola é tão bonito, e o falsete de José Afonso tem tanta dor, que Zé Mário não lhe acrescentou absolutamente nada.
José Afonso – Como se Fora Seu Filho (1983)
Como se Fora Seu Filho é um disco triste e alegre. Triste porque Zeca está doente, a voz fraqueja, há a consciência do fim. Alegre porque não se rende, gravando um disco belíssimo, fintando a morte.