Estávamos em 1976. Um Bowie falido e à procura do anonimato levou-o à cidade de Berlim, local onde se reinventou mais uma vez com a sua chamada “Trilogia de Berlim”, aquela que é para mim a sua fase mais interessante. Um ano após a sua mudança para a capital alemã, o músico inglês edita “Heroes”, um pedaço de excelência gravado com Tony Visconti e Brian Eno no estúdio Hansa a poucos metros do Muro de Berlim. Debaixo do nariz dos guardas vermelhos, Bowie e companhia gravaram aquela que seria uma das canções mais conhecidas do Camaleão, faixa que dá nome ao disco e que será para sempre o maior exemplo de uma rebeldia romântica perfeita. “Standing, by the wall/And the guns, shot above our heads/And we kissed, as though nothing could fall.” Apesar de segredo para a altura, a frase destina-se a um casado Visconti e à sua nova namorada. Encostados ao Muro e debaixo das torres dos guardas, o casal beija-se. A cara deles mostra que este pode muito bem vir a ser o último beijo. Mas isso não importa. Juntos, serão heróis só por um dia.
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O Capote Fest está aí à porta. Apressem-se, com vagar!
Entre 10 e 12 de maio, Évora receberá a oitava edição do Capote Fest, um festival que insiste em promover novos e futuros valores da música portuguesa.