O quinto álbum de Róísín Murphy solo é dançável, um equilíbrio muito digno entre a disco, um toque a house e a pop e tem canções que são singles imediatos e outros êxitos da pista de dança (se neste momento as houvesse), só por si ou a pedir aquela remistura atrevida.
Quando, no Top Altamont deste ano, elegemos este Róísín Machine o 17º melhor disco do ano, um dos nossos escribas comentou com grande certeza: “A Róísín a solo é melhor que a Róísín em Moloko”, o que levantou logo um coro a favor e um coro contra.
Eu sou das que concordam em absoluto com esta afirmação e este disco é dos melhores trabalhos de Murphy. O quinto álbum a solo é dançável, um equilíbrio muito digno entre a disco, um toque a house e a pop e tem canções que são singles imediatos e outros êxitos da pista de dança (se neste momento as houvesse), só por si ou a pedir aquela remistura atrevida.
O disco é uma amálgama de disco e house, muito dançável mas com a qualidade e densidade que uma longa carreira a fazer boa música consegue trazer. A carreira a solo de Murphy trouxe-nos uma estrela muito mais sofisticada e carismática e este disco tem uma enorme coerência entre todas as faixas. Para o ouvinte menos atento podem muitas vezes soar muito parecidas umas com as outras mas ouvindo com atenção identificam-se perfeitamente as diferenças, de temas mesmo feitos para a remistura da pista de dança, como a canção de abertura “Simulation”, com mais de oito minuto de duração, ou faixas mais pop e acessíveis como “Incapable” (será mesmo um ligeiro eurodisco que ouvimos aqui?) ou a batida sexy de “Something More”.
Talvez sejam as saudades de dançar a noite toda debaixo de uma bola de espelhos que fazem este disco de Róísín Murphy soar tão bem. Mas também há canções que merecem ser ouvidas com uns bons auscultadores, como é o caso de “Simulation” ou o “Kingdom’s End”. Em “Murphy’s Law” regressamos à disco dos anos 70, e agradecemos a viagem ao passado e, par os fãs de Moloko, Murhpy oferece-nos “Narcissus”, um dos primeiros singles e um portento dançável e que chegámos a dançar (e a usar para fazer dançar). A fechar, “Jealousy”, talvez a música mais estridente do álbum, virada para quem prefere uma batida mais pop.
Cheio de bons singles mas ganhando mais ao ser ouvido como um todo, este Róísín Machine é para ser ouvido com uns bons auscultadores, de olhos fechados para apanhar todas as camadas, ou bem alto enquanto se dança, esperando o dia em que possamos voltar a dançar juntos.