Era uma vez, há muito, muito tempo, uma banda que vivia em São Francisco. E essa mesma banda tinha um sonho. Expandir as mentes das pessoas e dar-lhes felicidade. O que começou como um conto de fadas acabou como…bem o melhor mesmo é começar do início. Tudo começou em 1965, durante o Verão. Influenciados pelos Beatles, um grupo de rapazes de São Francisco quis começar a sua própria banda. Liderada por Darby Slick, a banda continha ainda a ajuda do seu irmão Jerry Slick, David Miner, Bard Dupont e, mais importante, a sua mulher, Grace Slick. Um pouco como o resto das bandas da altura como os Grateful Dead, Kaleidoscope ou Quicksilver Messenger Service, os Great Society também começavam a expandir a mente com drogas alucinogénicas e, obviamente, as letras e sonoridades das suas músicas reflectiam isso mesmo.
Ao fim de pouco tempo a banda começou a ganhar uma certa reputação na cena psicadélica da Bay Area e foi sendo cada vez mais respeitada. Em 1966 já começava a abrir concertos para bandas mais conceituadas como os Jefferson Airplane. É neste ano que a banda lança o seu primeiro single, “Someone to Love”, parcialmente produzido por Sylvester Stewart, esse mesmo que viria a lançar-se no mundo da música com Sly & The Family Stone. O destino parecia estar nas mãos da banda californiana. O sucesso estava ao virar da esquina. No momento em que a editora Columbia estava prestes a oferecer um contrato de gravação, Grace Slick foi seduzida pelos Jefferson Airplane e deixou tudo para trás, incluindo o seu marido, Darby. O resto da história é já sobejamente conhecida. Grace levou “Someone to Love”, regravado como “Somebody to Love” e “White Rabbit” para a sua nova banda. Ambas as músicas perderam o seu estilo mais improvisado e de influência oriental, ganhando, por outro lado, um som mais profissional. Os Jefferson Airplane que já eram uma banda com algum nome na Costa Oeste dos USA, passaram, com estes dois singles e o lançamento do seu segundo disco, Surrrealistic Pillow, a ser uma das bandas mais importantes do movimento psicadélico que começava a surgir. Os Great Society esses não aguentaram o rude golpe que tinham sofrido acabando por separarem-se sem sequer gravarem um disco oficial. Poucos anos mais tarde, foram lançados discos “bootleg” com gravações maioritariamente ao vivo da banda. Desta história trágica ficaram-nos os registos e esses são mágicos. “Sally Go Round the Roses”, “Darky Smiling”, “Daydream Nightmare”, “Someone to Love” e o conto psicadélico de Alice no país das maravilhas em “White Rabbit” na sua versão longa e misteriosa são grandes exemplos de uma banda que acabou por ficar de culto e não apenas nota de rodapé na história de de Grace Slick e dos Jefferson Airplane.
Não fazia a mínima ideia que os Jefferson Airplane tinham ido roubar uma vocalista e músicas a outra banda. Isto chama-se escândalo…