Quando somos chamados a fazer os tops do ano, sabemos que injustiças serão cometidas. Reduzir a 10 escolhas um ano, doze meses, trezentos e sessenta e cinco dias é uma árdua tarefa e acabamos sempre por deixar de fora música muito boa. Pois bem, hoje trago o maior arrependimento que tenho de não ter colocado no meu top pessoal, o álbum homónimo dos Blues Pills (e aproveito para saudar o colega Altamont Filipe Garcia por o ter feito)
Banda moderna, dos nossos tempos de globalização, formada por um melting pot de nacionalidades e culturas, uma sueca que foi para a Califórnia, lá conheceu dois americanos que tinham uma banda, gravaram umas demos e com isso conseguiram uma mini tour por França, Espanha e (sim, vai parecer incrível) Portugal (Milhões de Festa 2012), na qual recrutaram um francês guitarrista de 16 anos. Assim gravaram o seu EP de estreia, Devil Man, lançado em Outubro de 2013. Foram ganhando notoriedade Europa fora através do circuito de festivais menos mediáticos (mas não menos importantes, integraram por exemplo, o cartaz do Montreux Jazz!), tendo mais uma vez passado em Portugal no ano passado para dois concertos, por altura do lançamento deste Blues Pills.
E, senhores (e senhoras, claro), que álbum! Blues, Folk, Rock n’Roll, Soul, Psicadelismo, parece que tudo isto se junta no caldeirão e rapidamente estamos ali no início dos anos 70, a lutar pela paz e amor, a viajar em ácidos e LSD, por mais cliché que isto seja. A vocalista Elin tão próxima de uma Aretha como de uma Janis, os riffs tão próximos de uns Cream, uma intensidade a roçar os calcanhares dos Jefferson Airplane, e, para mim, uma proximidade incrível aos incríveis Love conquistam qualquer um que aprecie este pequeno mas catita recanto da história da música. Até a magnífica capa, desenhada por Marijke Koger ajuda a criar todo este ambiente sonoro que nos agarra, inquestionavelmente, por 40 minutos. E depois por outros tantos. E depois por outros tantos. E, depois, por outros tantos.