Que bem lhe fazem os ares do mar.
Na primavera de 2014, SILVA abriu as portas da nova casa e mostrou-nos Vista Pro Mar, o segundo álbum e também nome do primeiro tema que dá as boas-vindas a quem o ouve.
Lúcio Silva Souza, músico brasileiro de 25 anos, escolheu o nome do meio – um dos mais comuns de sempre –, puxou-o a letras grandes e fez dele a designação do seu projecto musical.
Em 2012, depois de lançar um EP, ofereceu ao mundo Claridão, o primeiro longa-duração. A luz da consagração e da consistência chega agora, ao segundo álbum, conceptual de electrónica etérea.
SILVA faz lembrar Caetano Veloso mas também James Blake. Como? Mantendo presentes as raízes da MPB ao mesmo tempo que deixa sair pelos poros a pop e a electrónica dos sintetizadores.
Com formação erudita em piano e violino, foram os discos dos anos 80 que o fizeram descolar do solfejo e chegar à sonoridade que hoje produz. SILVA é um dos projectos que dá corpo ao que vem sendo designado como nova música brasileira. Um bolo onde cabem nomes como Mallu Magalhães, Marcelo Camelo ou Clarice Falcão – com quem gravou um dueto, uma santa conjugação chamada «Eu Me Lembro».
SILVA não abandonou o tom confessional e introspectivo das primeiras músicas que fez. Desta vez trouxe as reflexões para a beira-mar, quase todas ao pôr-do-sol. É o próprio que diz que Vista Pro Mar surgiu numa tarde de sol, «como um amor adolescente», ironicamente a olhar para o cloro de uma piscina.
O álbum é coeso e não se perde qualidade da primeira para a última música. É conceptual: está lá o sol, o mar, a areia, as gaivotas e até as caipirinhas aparecem de vez em quando («Janeiro» é um bom exemplo desse sunset brasileiro).
Ainda que o Verão tenha tirado férias neste ano, Vista Pro Mar é um álbum veraneante. Cabe agora a SILVA, e ao caminho que trilhar, fazer com que este conjunto de canções entre pelo Inverno dentro.