Já tive o prazer de ver vários concertos dos Voodoo Marmalade, enquanto banda de covers. E nunca me desapontaram. Afinal, 9 divertidos rapazolas de diferentes gerações (e todos os elementos dão voz ao projecto), sete Ukeleles acompanhados por um baixo e uma percursão, e uma marmelada de estilos musicais, são no mínimo sinónimos de diferente e divertido.
Esta noite de sexta-feira não foi excepção, mas seria ligeiramente diferente: era o concerto de apresentação do primeiro álbum de originais dos Voodoo Marmalade (com o mesmo nome). A lua cheia era o presságio para uma noite de celebração e, apesar do frio que se fazia fortemente sentir, ninguém arredou pé do Forte de S. Bruno em Caxias, o local eleito para a realização do sonho.
Entre familiares orgulhosos, amigos vaidosos e desconhecidos curiosos, os 9 elementos da banda alinharam-se em palco e deram início ao espectáculo, prometendo aquecer a noite. Talvez por isso foram inteligentemente intercalando os novos temas com aquele que tem vindo a ser a chave do sucesso dos seus concertos: um verdadeiro Cocktail Molotov de músicas, que só mesmo presenciando é que dá para perceber. Afinal de contas, quem é que, no seu perfeito juízo, misturaria numa mesma música Buena Vista Social Club, Cesária Évora e George Michael? Ou Michael Jackson, LMFAO e Buraka Som Sistema? E Beach Boys com Los Lobos, Jason Mraz e ainda a música da “Pequena Sereia”? Pois os Voodoo Marmalade não só misturam todos estes artistas e estilos musicais como ainda é possível reconhecermos neles um estilo muito próprio quando o fazem – os ukeleles são o elemento chave de todas as músicas. Um dos momentos altos da noite foi quando conseguiram pôr toda a gente a cantar (imaginem!) os “Jardins Proibidos”, “Maravilhoso Coração”, “Socorro” e “Não posso mais”, todas criativamente arrumadas numa mesma canção, como se fosse óbvio elas existirem em conjunto!
O primeiro original que nos apresentaram foi “Always Watching”, o segundo single do disco, que humildemente dedicaram às suas famílias. Muito simpáticos e sempre a interagir com o público, aos poucos e poucos fomos descobrindo o que de novo os Voodoo Marmalade tinham para oferecer. E foi quando ouvimos “Not Holding Back” que nos apercebemos realmente que o disco promete e que, afinal, eles também dão cartas na composição de originais. Uma melodia cativante e forte, uma harmonia perfeita entre as 9 vozes e a força da percursão deixaram todos de boca aberta! “Zigireewo”, muito ao estilo de Bob Marley, pôs toda a gente a cantar e “Três Verões” mostrou o lado mais fofinho da banda. Para ajudar na promoção das suas novas canções, os Voodoo contaram ainda com ilustres convidados: Frankie Chavez acompanhou na guitarra em “Little Something” (tal como no álbum); a cantora soprano Catarina Molder deu mais vida a “Wolfgang Rap-sody” e “La Lune est Belle”; Marta Carvalho (amiga e membro dos Lousy Guru), deu um toque feminino a “No Damm Train”. João Luz na harmónica e os sopros Diogo Picão Oliveira, José Monteiro e Gonçalo Mortágua trouxeram magia às canções em que participaram.
Foram 2 horas e meia de boa disposição e marmelada ao mais alto nível! Tivemos ainda tempo para ver “VOO-DOO” inscrito na roupa interior de um dos membros da banda, e de ser comicamente insultados com “Não sejas Pussy!”, que fechou o concerto, como que “obrigando-nos” a não sair sem comprar o álbum! Caso para dizer: “Allez Voodoo Allez”, cântico que nos ensinaram também com a mesma canção.