De Portugal para o Reino Unido são apenas duas horas de avião. Com maior ou menor turbulência, a viagem decorre normalmente bem. Quando pomos os pés em terras de Sua Majestade somos levados para outro tipo de viagens. Vamos a elas:
Punho firme na guitarra, bateria pujante e cheia de kraut. A promessa parece pequena mas os Toy não falham na entrega. «Colours Running Out», «Motoring», «My Heart Skips a Beat», «Endlessly», tudo canções cujos nomes retractam bem a sua capacidade de nunca parar, a energia estóica que, com certeza, não se vê todos os dias. Ainda que nem sempre tenham uma sonoridade psicadélica presente, garantem fazer derreter as mentes mais sólidas – em disco – e distender todos os músculos e mais alguns – ao vivo. A única coisa má nos Toy é mesmo não serem eles a estar presentes em todas as festas de aldeia.
Os Django Django são quatro rapazes londrinos que decidiram meter o surf rock dos Beach Boys e as texturas electrónicas dos Kraftwerk numa misturadora. E, ao contrário do resultado de muitas experiências do género que se vê no YouTube, o resultado não podia ser melhor. Uma mistura cremosa de orgânico e digital, com ritmos viciantes e forte presença de sonoridades orientais, com promessa de disco novo em breve.
Num registo mais usual mas não menos surpreendente, os Hookworms vêm de Leeds e não lhes falta pujança para honrar o nome da sua cidade natal. Fazem barulho, deixam marca por onde passam e não lhes falta fuzz nem furor. Menos espaciais e exploratórios do que nomes como Goat, mas não menos loucos e lisérgicos.
Rock efervescente e multifacetado para os mais sedentos de variedade sonora dentro de uma só banda. Os Spectral Park são isso mesmo: um autêntico parque de diversões repleto de espectros, fractais e criaturas saltitantes prontas a juntar-se às trips de quem as quer receber. Diversão é o que não falta neste show de variedades que parece não ter fim.
Já aí andam há algum tempo e cada vez se fazem ouvir mais. Nos Clinic, há também algo no nome que nos faz sentido. Como se estivéssemos dentro de uma clínica onde estão a ser tratadas as mais variadas influências. Bebendo de algum krautrock, conseguimos ouvir ecos de Can e, novamente, Kraftwerk, num cocktail de reverb, electroniquices e espirais que nos fazem não querer voltar à realidade.
PURSON
Misturando o folk, o space rock e outras das muitas origens e ramificações do psicadelismo, os Purson chegam-nos directamente da capital inglesa. Com uma presença mais negra que as bandas anteriormente faladas, a banda bebe não só dos clássicos do passado mas também do folclore britânico e irlandês, à Jethro Tull, algo que os enriquece especialmente.
THE MAGNETIC MIND
O penúltimo nome de que vos falamos não tem medo de afirmar que utiliza máquinas do tempo para fazer a música que faz. Chamam-se The Magnetic Mind e vêm directamente dos anos 60, tanto na música que fazem e como na estética que personificam. Um órgão saído do sol, guitarras lunáticas cheias de wah-wah e uma vocalista que quase podia fazer parte dos Jefferson Airplane são o que basta para a banda de acid rock seduzir e embalar quem os ouve.
Apareceram em 2012. Ninguém os conhecia mas de repente todo o mundo os conheceu, de um momento para o outro. A razão não é clara, sendo que alguns a atribuem à maneira como as canções e o disco foram promovidos – as canções lançadas aos poucos e o lançamento do álbum a ser adiado contribuíram para uma mistificação que nem os próprios sabem explicar. A reverberação, os cabelos e as composições épicas que recheiam o formato pop das suas canções parecem ser a sua arma mais poderosa e a passagem por Portugal já nos deu a provar e pôr a salivar por novo material.
continua…