O primeiro longa duração dos portugueses Imploding Stars é uma ode post-rock. Reconhecemos em cada faixa do grupo de Braga a influência de grupos como os Explosions in The Sky ou God Is an Astronaut.
A Mountain and a Tree é um disco poderoso e cheio e para ser ouvido de uma assentada. São oito canções mas que, ouvidas de seguida, se tornam todas elas num único tema com diferentes intensidades.
A abrir temos logo «Unquiet Breeze», que arranca com a impetuosidade de quem quer mostrar tudo ao início mas depois logo acalma para uma guitarra simples, quase dedilhada, no clássico toque post-rock que consegue emocionar de simplicidade. E logo a densidade aumenta com a entrada das restantes guitarras, mais pesadas, cheias de electridade e uma bateria completa, que preenche os vazios sem se sobrepor às cordas.
Os Imploding Stars quiseram explorar a relação entre a Natureza e o Homem e conseguimos sentir essa dicotomia ao longo do disco, com as diferentes alterações de intensidade e de grandeza. Mesmo os nomes das músicas apelam aos elementos, ouvimos vento, sentimos mar, vulcões e terramotos.
E é nesta faixa inicial que percebemos o que vai ser este disco: cheio de guitarras e onde se descobrem, entre os acordes, explosões, calma, sonolência, um dia solarengo e, se ouvirmos mesmo com muita atenção até conseguimos descortinar o que pode ser gotas de orvalho, se o orvalho soasse a alguma coisa. «Awaken Forest» prossegue esta continuidade: se não estivermos atentos ao passar das faixas é fácil não percebermos quando termina uma música e arranca a seguinte. A faixa seguinte, que dá nome ao disco («A Mountain and a Tree») não podia ter o nome mais apropriado: é como se nos sentíssemos no silêncio de uma floresta onde lentamente vão surgindo todos os sons.
É ao quarto tema que o disco atinge o seu momento mais sublime: «Earthquake» é melancólico, é poderoso, é a Natureza a expressar-se através das guitarras estranguladas. Esperamos o crescendo, a explosão, a réplica durante a música toda mas o clímax não acontece e deixa-nos tensos e em suspenso. Acelera um pouco, apenas, com a guitarra a marcar a urgência para logo abrandar até quase ao silêncio, apenas dedilhado. E então sim, o som cresce e liberta a tensão toda que tínhamos acumulado durante a primeira parte da música.
O álbum vai prosseguindo neste registo ao longo de faixas como «Across Distant Seas». A fechar os Imploding Stars reservam mais uma surpresa: «Beneath This Tired Ground» é negro, pesado, dramático. As guitarras deixam de ser densas e passam a trémulas, com a bateria vincada de intensidade melancólica. São 13 minutos de suster a respiração e que parece ter várias músicas dentro para terminar num tom mais luminoso, o sol a aparecer atrás das nuvens depois da tempestade.
A Mountain and a Tree entranha-se na pele e puxa à introspecção. Apetece ouvir muito, muitas vezes, de olhos fechados e auscultadores nos ouvidos, sem distracções, para assimilar cada acorde. Os Imploding Stars mostram, com esta estreia auspiciosa, o que de melhor se faz na cena post-rock portuguesa.
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