Joana Canela
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Saí para o mundo em 91. Licenciei-me em Jornalismo e andei por aí a fazer coisas até um dia ter percebido que o que queria mesmo fazer da vida era escrever sobre música. Porque a vida não teria metade da intensidade se não tivéssemos uma banda sonora constante. É tão bom ser compreendida assim e poder compreendê-la também. De bloco de notas na mão e mochila às costas a pensar que a vida é só rock'n'roll.

Playlist da Semana: Festinhas no âmago

Fica aqui um abracinho de melancolia para os dias mais quentes.

Vaiapraia – Estrelas e Trovões [EP](2023)

Vaiapraia tem o soro da verdade e o fruto da incerteza. E pela força da sua palavra tem a pujança para condensar o poder da dor em quatro faixas que valem por muitas mais.

“Fran” – Norberto Lobo

Palavras, palavrinhas, são minhas e são vossas. Mas nunca serão propriamente as mesmas. E para quando elas escassearem, eis “Fran”, a música que as fazem brilhar em qualquer ecrã.

“angels” – bar italia

“angels” é bem capaz de ser a mais bonita discussão conjugal alguma vez cantada. Ele sofrido, ela em agonia, mas o que ouvimos é doce e delicado.

“Hands Around My Throat” – Death In Vegas

Negro e sexy, “Hands Around MyThroat”, dos Death in Vegas, é o melhor dos dois mundos.

“Birthday Party” – Porridge Radio

Os Porridge Radio são tão crus que se chegam a tornar próximos. Numa intimidade onde a palavra carrega a força da honestidade. As unhas roídas, a música em canal aberto e “Birthday Party” como o nosso hino. Esta canta-se lá do fundo.

“Vento Irado” – José Almada

Há uma profunda angústia nas palavras de José Almada. E o que sobra delas são os escombros que ficam depois do vento irado. E nós, impotentes, fugimos dos silvos espinhosos de que é feita a angústia do passado. Para que, talvez um dia, o vento se vá embora

Playlist da Semana: Quanto mais fundo melhor

Convençam-se da beleza da escuridão. Ela não é nossa serva, mas sim nossa mestra. E as desavenças da vida merecem a noite a esvair-se nas suas profundezas.

Russian Circles || Lisboa ao Vivo

Pujança e competência é coisa que nunca falta aos Russian Circles. Agora com mais peso e tonalidades negras, cumpriram a profecia de mais um serviço exemplar num Lisboa ao Vivo quase cheio.

“Tua Mulher” – José Pinhal

“Tua Mulher” é dedicado ao desejo perigoso – tão irresistível – que é o fruto proibido. Mas pelo olhar de José Pinhal, até o mercado negro do amor parece valer uma paixão assolapada.

Wet Leg em entrevista: “Estamos orgulhosas do novo álbum”

Como é que se cria um hype sem um disco editado? Altamont esteve à conversa com elas sobre o seu álbum de estreia.

“I Go To Sleep” – Anika

Entre afagos e ilusões, os lençóis são o esconderijo das almas cansadas. É no lugar onde a escuridão é segura que os pensamentos são livres e o corpo também.

“Youngblood” – Russian Circles

A medicina musical é o elixir dos novos tempos. Funciona como um estabilizador de humor pouco ortodoxo, mas sem efeitos secundários. Mas e se um dia a música não chegar? Falem com um psiquiatra a sério.

“Le Jardin” – La Femme

Pela primeira vez a cantar em espanhol, os franceses La Femme não temem a dureza do seu refrão: “Porque a vida é uma puta que pagas com o teu corpo”. E cabe a nós saber o seu preço.

“Tears In The Typing Pool” – Broadcast

Debaixo do pano do fim de uma relação, há o descortinar de um fim maior, mais cruel e finito, como só a morte sabe ser.

Playlist da Semana: Sad Boys

Uns mais, outros menos, uns vivos, outros não, eis alguns dos sad boys que vale a conhecer.

IDLES || Coliseu dos Recreios

Num Coliseu dos Recreios quase esgotado para ver os Idles, o espaço ainda era grande demais. Tantos pés no chão, outros tantos no ar, mas todos eles o mais próximo possível uns dos outros para celebrar o regresso à liberdade onde um concerto é um amor partilhado.

“Panda Panda Panda” – Deerhoof

“Panda Panda Panda” é ornamentada de uma infantilidade tentadora e divertida, sem nunca largar o ritmo e a sujidade que caracteriza o rock.