Não há volta a dar. O meu grau de tolerância com os Kings of Leon será sempre mais alto do que para outras bandas em que o amor se foi à primeira traição ( leia-se disco mau). Bandas como os Killers ou Muse seguiram o seu caminho, arranjaram novos amantes e seguidores e foi cada um para seu lado. Tudo bem, amigos como dantes. Porém os Kings sempre me foram especiais. Foram das primeiras bandas realmente boas a sair do indie. Corria ainda o ano de 2003 e “Red Morning Light”, música que fazia parte da banda sonora do Fifa 2004 rebentava com tudo. Uma voz soberba e um som cru e sujo como já não se ouvia há muito. Youth & Young manhood foi uma pedrada no charco. O som da América profunda trazida pela família Followill prometia e os discos seguintes não desiludiram. A-ha Shake Heartbreak manteve a bitola, enquanto Because of the Times introduzia novas sonoridades. O problema começou com Only By the Night. Juntando grandes musicas como “Closer” ou “Crawl” a outras que serviam apenas para mostrar o seu novo estado, o disco safar-se-ia como aceitável não fosse “Use Somebody”. A música que fez de 4 rapazes que abriam para outras bandas e que sozinhos não encheriam um coliseu, para uma super banda capaz de esgotar qualquer estádio ou pavilhão por aí fora. Ora e como normalmente acontece, nem sempre, mas normalmente, a qualidade da música é inversamente proporcional à quantidade de fãs e os Kings of Leon foram pelo cano abaixo, musicalmente falando. O disco seguinte (Come Around Sundown) é do piorzinho que já ouvi, safando-se duas musicas (“Radioactive” e “Back Down South”). Ora entre esse disco e este Mechanical Bull muita coisa parecia ter-se passado. Caleb tivera uma espécie de esgotamento, aparentemente farto desta fama repentina e necessidade de tocar para milhares de pessoas de forma quase ininterrupta. Ao que parece o resto da banda sente-se muito confortável nesta nova pele de Rock FM. Pelo que me pareceu neste Optimus Alive, Caleb ainda não. Não é ainda uma super estrela capaz de dar espectáculos em cima de um palco para milhares de pessoas como por exemplo um Dave Grohl ou Billie Joe Armstrong dos Green Day. No entanto a não introdução de qualquer música nova em julho fez-me temer que esta banda não tivesse salvação apesar do que se ia lendo sobre o regresso à forma da banda do Tennessee. É a verdade é que “Supersoaker”, primeiro single de Mechanical Bull prometia algo. Boa melodia, grande voz de Caleb. “Rock City” não aquece nem arrefece mas “Don’t Matter” parte tudo. Uma grande música com um lado mais negro a fazer lembrar Queens of the Stone Age. À terceira música de Mechanical Bull estava quase rendido. O pior veio depois, como que uma chapada a lembrar que os Kings que eu conheci e amei não são mais as mesmas pessoas e regem-se por outros valores e não servem para uma alguém como eu. Sente-se pena desta banda ao ouvir coisas tão fracas como esta “Beautiful War”. Vazia de qualquer rasgo de criatividade ou força bruta. A fazer lembrar as piores de Bryan Adams quando este ainda vendia milhares de discos. O resto nem vale a pena falar. Tudo muito insípido e feito para manter os novos fãs contentes e de isqueiro na mão. Os mesmos que bajulam os U2 ou os Killers por cada bocado de plástico ou vinil que lancem.
Caleb se me estás a ouvir, peço-te para que reajas e saias desse marasmo em que estás,e, se necessário, larga a tua banda e faz qualquer coisa a solo porque essa voz não merece perder-se assim…