Numa altura em que tudo acontece à velocidade da luz, a era da tecnologia impera e impõe-se sobre cada um de nós, onde somos bombardeados com 50 bandas novas por dia para no instante seguinte desaparecem sem deixar rasto, corajosos são os que teimam em caminhar no sentido contrário. É o caso dos Mazzy Star, banda que decidiu desaparecer para regressar 17 anos depois com um novo álbum, o seu quarto. E se temos assistido a este fenómeno de late comebacks nalguns casos perfeitamente disparatados, sem deixar dúvidas de quais as motivações por trás (money talks…) o duo David Roback e Hope Sandoval consegue distanciar-se totalmente dessa laia, fazendo agora um disco aparentemente apenas porque sim.
Seasons of Your Day chega-nos então em 2013 mas, é como se de 1996 se tratasse, e apenas um ano se tivesse passado desde o último álbum dos Mazzy (e agora aqui um parêntesis pessoal – pensar que 1996 foi há 17 anos é um murro no estômago bem dado, de me deixar knock out, desfalecido, a pensar como é que tudo passou tão depressa, para onde foram esses 17 anos?). Porque o tom do álbum é o mesmo que a banda nos acostumou e com o qual nos aconchegou; a voz de Sandoval limpa e cativante, o barulho de fundo que Roback vai fazendo a acompanhá-la ora com guitarra, ora com teclado a dar cor à coisa. É uma fórmula tão simples que parece mentira, mas o que é facto é que conquista e tu podes ser o próximo a ser conquistado. Carrega no play aqui em baixo, de preferência num local onde te possas alhear de tudo o que se passa à tua volta, fecha os olhos e deixa-te levar. Porque os Mazzy Star dão-nos um recanto onde se pode parar para sonhar acordado, desde o inicial “In the Kingdom”, passando por “California”, “I’ve Gotta Stop” que deslizam pelos ouvidos dentro. Em “Common Burn” a guitarra blues de Roback agarra e leva-nos para uma qualquer cidade americana perdida, e sobre “Lay Myself Down” paira o espectro de um Neil Young com o toque da maravilhosa voz de Sandoval.
São pérolas, e que formam um belo conjunto com o recente Dream River do Callahan já aqui escalpelizado no Altamont e é aí que tenho andado, perdido nesta melancolia. Quiçá o fim do Verão e a chegada da chuva terá algo a ver com isso…