Em véspera de Noite de Bruxas, o Musicbox aderiu a outros rituais, desta vez cantados em francês. Prosseguindo o alinhamento do Jameson Urban Routes, foram os jovens La Femme a esgotar (e com alguma rapidez) a sala de concertos do Cais do Sodré na penúltima noite do festival.
Antes das doze badaladas, subia já ao palco o grupo emergente originário de Biarritz, cidade a dois passos de Espanha, mas longe o suficiente para ainda se ouvir cantar em francês. Pela própria La Femme do grupo: Clémence Quélennec, a voz feminina que Marlon (teclas) e Sacha (guitarra) encontraram no Myspace há cinco anos atrás. Fronteiras à parte, o único longa-duração do grupo chama-se Psycho Tropical Berlin e foi ainda o destaque do concerto que levou ao auge mais de metade da população presente no concerto da última sexta-feira.
Em palco, estrategicamente colocados, quatro à frente e um atrás, com Clémence a manter a postura feminina do grupo envergando uma blusa branca semi-transparente branca, contrastando com as cores escuras dos seus colegas de banda. Ao mesmo tempo, transmitia ainda uma doce ambiguidade ao cantar, com a sua voz a fazer lembrar uma Nico mais alegre, ao lado de uma voz masculina mais grave e seca, mas com o mesmo sotaque. Uma agradável dupla que se foi ouvindo, entre canções como “It’s Time To Wake Up” ou “Hypsoline”, leves e dançáveis, mas não tanto como a entusiástica “Antitaxi”, escolhida para animar a pista mais no fim da noite, já depois do encore. Foi o álbum de estreia (que em estúdio conta com 16 faixas) a dominar o alinhamento, com a excepção para uma ou outra visita aos EPs passados e uma apresentação de um novo tema, ainda sem abrigo discográfico. Um alinhamento dedicado ao tira-o-pé-do-chão com a ajuda de alguns sintetizadores e de uma dose de psicadelia pop.
No último dia de Outubro, e a dar as boas-vindas a Novembro, perto das duas da manhã, já a chuva benzia os que abandonavam a noite de barriga cheia com La Femme e aos que, lá fora, ainda se alinhavam à porta para encher a barriga de misérias com Xinobi. Eu tinha outro plano: Baile Rock no Sabotage. Mas na minha cabeça ecoavam ainda as memórias daquele rock francês a saber a Atlântico, a copos e a juventude.
Fotos gentilmente cedidas por Alípio Padilha