Um álbum difícil de encontrar palavras para o adjectivar, análise que é extensível a toda a obra de Sassetti.
Antes do que quer que seja deixar, há que deixar bem claro que estas palavras são escritas por um mero utilizador pagador da música de Bernardo Sassetti, alguém sem qualquer tipo de conhecimento para o poder avaliar, um mero apreciador. Muito do que se escreve por aqui no Altamont é nesta base de princípio, mas quando entramos em jazz e música mais erudita os terrenos são ainda mais pantanosos, portanto importa fazer este disclaimer.
Foi neste estado de espírito e de consciência interior que eu e mais alguns elementos que contribuem para o Altamont fomos no passado mês de Setembro assistir no CCB ao concerto de Bruno Pernadas a tocar Sassetti e de lá saímos maravilhados, sentindo que a Bernardo continua a viver dentro de músicos portugueses, e que o trabalho levado a cabo pela Casa Bernardo Sassetti é um dos mais importantes do panorama nacional. Para além de concertos anuais de revisitação à obra (o ano passado o convidado foi Ricardo Toscano), o trabalho desenvolvido passa também por recuperar gravações por editar e fazê-las chegar ao público. É aqui que se insere Solo, o primeiro de uma série de nove discos que serão lançados nos próximos anos.
Solo é fruto de uma sessão de gravações que Bernardo Sassetti fez em 2005, durante três dias, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. Foi aí que, num piano muito particular (um Steinway) e juntamente com o produtor Nelson Carvalho, se pré-produziu os temas que compõem o disco, alvos agora de uma nova produção e seleção de inéditos para integrar o alinhamento do mesmo. O resultado, bem o resultado é uma delícia e pouco mais haverá a dizer. É um nome que fala por si, e cada minuto mais que temos de Sassetti ao piano são minutos ganhos à sua precoce morte. Resta-nos ouvir com a devida atenção e saborear as suas variações ao longo de cada música.