Cool It Down traz uma maturidade, uma evolução e um toque sentimental que o torna um disco que vale a pena ser ouvido uma e outra vez.
Ao quinto álbum de originais, depois de quase uma década de espera, os Yeah Yeah Yeahs surgem renovados. A energia de Karen O é a mesma, a qualidade continua irrepreensível, mas a evolução é notória. Os Yeah Yeah Yeahs souberam adaptar-se à evolução dos tempos, com o sair de moda do indie, e adoptar sonoridades mais eletrónicas para este novo trabalho.
A distância que vai do ritmo rock de “Gold Lion” e do frenético “Heads Will Roll” para estes temas de Cool It Down é grande, mas a evolução é positiva. “Spitting of the Edge of the Word”, em que também aparece Perfume Genius, mostra logo ao que vêm: chegou a vez do sintetizador. Karen O. mantém-se a inspiração que sempre foi: voz irrepreensível, o ritmo certo, as nuances todas onde têm de acontecer, como se nota em “LoveBomb”, em algumas partes quase declamado e não tanto cantado, uma interessante canção lânguida para aquecer os corações mais frios.
“Wolf” pode fazer sucesso em qualquer pista de dança e “Fleez” traz um som mais pesado, interessante para saltar em concerto e para Karen O. poder dar asas ao seu animal de palco. Mas é quando chega “Burning” que atingimos o auge: do piano à guitarra, às cordas, à irresistível voz de Karen O., a canção junta todos os elementos certos e faz-nos sentir todas as coisas certas.
“Blacktop” é quase dream pop, bonito, doce, lento e envolvente, Karen O. fazendo jus aos seus dotes vocais num lado mais feminino, chegando ao falsete, mais uma faixa que com partes quase faladas, quase a capella, uma bonita canção a tender para a balada. A fechar, “Mars”. Depois de um “Different Today” que é talvez o tema mais fraco do disco, “Mars” traz-nos de novo a declamação – apenas dois minutos de música etérea com Karon O. a contar uma pequena história. E que bonito que é ouvi-la.
Os sintetizadores são uma constante ao longo de todo o disco, sem vergonhas nem timidez. Para quem esperava rock ao estilo de “It’s Blitz!”, de 2009, pode escolher já outro disco. Este Cool It Down traz uma maturidade, uma evolução e um toque sentimental que o torna um disco que vale a pena ser ouvido uma e outra vez.