“Wire are an English rock band, formed in London in October 1976”. Parece incrível que cheguemos ao ano de 2015 com os Wire no activo, com 39 anos de carreira e 14 álbuns em cima. Pensar que uma das bandas que deu início aos movimento punk e pós-punk resiste no século XXI é algo transcendental, surreal, único. Para quê continuar a fazer música quando podiam estar a fazer uma tournée a tocar um qualquer álbum antigo e encherem-se de dinheiro?
Para além de todo um histórico precioso (que só por si merecia a audição deste álbum por todo e qualquer apreciador de música que se preze) os Wire não andam aqui a brincar aos músicos, fazendo um excelente álbum, para o qual também em muito contribuiu a inclusão de um novo elemento no processo criativo, o guitarrista Matthew Simms. Isso mesmo foi assumido em entrevista pelo líder Colin Newman, apelidando até de uma espécie de Renascimento a esta fase da banda. E o que é facto é que sendo um álbum já longe da veia punk com que se iniciaram nestas andanças, marca muitos pontos como álbum rock per se. Afinal, para que servem rótulos e a necessidade de rotular os estilos?
Indo às músicas em si, arrancamos logo com “Blogging”, que só pelo título dá para perceber que estamos (nós e os Wire) mesmo em 2015, ano em que até o Papa tem uma conta de twitter. “Shifting” e “Burning Bridges” são tranquilas, “In Manchester” é animada e entra bem no ouvido logo à primeira. “High” serve apenas de passagem para a enorme (em duração e impacto) “Sleep-Walking”, tensa, sempre com vontade de explodir. Na segunda metade do álbum destaco “Joust & Jostle” e “Octopus”, sendo que o momento alto de todo o álbum chega mesmo na música final. “Harpooned” é musica de só por si merecer audição em repeat, do alto dos seus 8 minutos. Crua, poderosa, impossível de deixar alguém indiferente.
Há que ouvir isto e perceber que estamos em 2015 e há uma banda que com 39 anos merece ser ouvida pelo que fez, faz, fará.