Há algo na maneira como se move. Chelsea Wolfe é um bonito espectro em palco, que canta em tons de cinzento como se fosse mais sombria do que a sua música. E Pain Is Beauty reflecte tudo isso, tanto na sua composição, como no nome que ali encontra o seu lugar. Não há felicidade; só a de poder ouvir um disco tão bom. Forte em todos os seus aspectos: a guitarra, o baixo, os sintetizadores e a poderosa bateria que se aliam aos tons negros e doces da sua voz, e que juntos formam doze músicas sequenciais e intensas.
Tive o privilégio de sentir a beleza da dor de Chelsea Wolfe no Festival Amplifest, no Porto, onde se fez acompanhar pelos companheiros de digressão Russian Circles. Cantou-nos grande parte dos temas de Pain Is Beauty e, como qualquer bom artista com um grande novo álbum, ela soube prová-lo e interpretá-lo com a sua verdadeira essência. Se a sua voz nos sugava os demónios como um Dementor bonzinho, a bateria desintegrava-os com a sua força.
Numa decisão difícil, escolho como personal favorites do disco “Feral Love”, “We Hit a Wall”, “House of Metal”, “Ancestors, The Ancients” e “The Waves Have Come”. Talvez porque agora se ambientem melhor aos meus fantasmas, como uma “Lone” ou uma “Kings” poderão sorrir aos vossos. Deixem a Chelsea Wolfe polir as vossas feridas.