Uns prometeram festa que acabou por ficar adiada uma semana, outros não ficaram pela promessa e deram um festão memorável. Os lendários Pixies mostraram (mais uma vez) que são mestres da loucura saudável!
Durante a semana que precedia o concerto dos Pixies na capital, só se falava de uma possível festa, já que os dois maiores clubes da cidade jogavam no final da tarde de sábado e havia a possibilidade de um deles se sagrar campeão nacional de futebol. Mas não passou apenas de um falso alarme e foi tudo adiado para a semana seguinte. Quem não está para promessas, mas sim para certezas, são os norte-americanos Pixies, até porque já não têm idade para andar a brincar, agora é aquela fase da vida para gozar à brava!
A noite roqueira começou com uma bela surpresa de nome The Pale White, um power trio da cena emergente britânica, que editou no mês passado o seu segundo longa duração The Big Sad. Ainda não me tinha cruzado com este projeto, mas deixaram-me curioso e com vontade de os ouvir mais vezes, possuidores de um rock cru, melódico e sensual deixaram muito boas indicações e aqueceram as almas que iam enchendo o Campo Pequeno. Chegaram como meros desconhecidos do público português e vão daqui com novos amigos.
A lotação do Campo Pequeno, se não esgotou, andou perto disso, muita gente para assistir ao concerto dos Pixies, de diferentes gerações, pais e filhos juntos para assistirem a um dos grupos mais importantes da cena rock mundial. Influenciaram inúmeras bandas, especialmente grande parte das bandas que tiveram sucesso na década de 1990, um dos exemplos mais conhecidos é o dos Nirvana. Mas, verdade seja dita, nunca apareceu mais nenhuma banda como os Pixies, as suas composições são muito características fugindo ao “standard” das canções rock, não havendo uma linha condutora ou um percurso previsível. Cada canção é sempre algo novo, que percorre caminhos desconhecidos, surpreendentes e sempre cativantes.
Os Pixies pertencem àquele lote de bandas que me fizeram apaixonar pelo rock, talvez uma das principais, é daquelas que me acompanha desde sempre. Por isso, esta era mais uma oportunidade de os ver e ouvir, bem de perto. Não era o único. Muita gente louca por os ver e mal os primeiros acordes se fazem ouvir, instala-se a loucura na sala, o entusiasmo, os gritos, as mãos no ar, os saltos, que só iram parar quando o concerto terminou.
Durante cerca de hora e meia, trinta temas são partilhados com todos nós, muitas histórias seriam recordadas e vividas de novo. O motivo desta digressão, é o último disco da banda, The Night The Zombies Come, álbum muito bem recebido pela critica e fãs, que contém temas que podiam muito bem pertencer à primeira vida da banda. Houve tempo para ouvir temas desse álbum, bem como visitar todos os outros trabalhos da banda de Boston. No entanto, as músicas que pertencem aos primeiros álbuns são aqueles que criam mais sensações no público presente, são aqueles que todos cantam do princípio ao fim, que dançam, que agarram os cabelos (sim, vi dois sujeitos que a julgar pela cor grisalha do cabelo, agarravam sistematicamente os cabelos a cada novo tema), saltam o mais alto possível, sonham, vivem! Para mim, poder ouvir ao vivo temas como “Monkey Gone To Heaven”, “Gouge Away”, “Debaser”, “Where is My Mind”, “Mr.Grieves” e, para meu delírio, “Hey”, foi inacreditável!
Um momento daqueles que ficará na memória de todos os que estiveram no Sagres Campo Pequeno para sempre e um dos melhores concertos deste ano de 2025! Longa vida aos lendários Pixies!
Fotografia: Jorge Resende



















