Say Yes to Love é um disco que não parece preocupado com a paz de espírito. Pelo contrário – parece estar a lutar com toda as forças contra aquilo que o indigna e perturba.
O trabalho coloca os Perfect Pussy, logo nas primeiras faixas, num lugar de um sempre raro hardcore inteligente e que é, geralmente, bom sinal. É um conjunto de canções insistente, focado e sério. A vocalista Meredith Graves apresenta-se como o centro e aparente força motriz desta banda do estado de Nova Iorque.
Com 23 minutos, é um disco relativamente curto, onde alguns interlúdios são usados para refrescar e manter o equilíbrio. Melodicamente, só dá o primeiro descanso à quarta canção – o single “Interference Fits” – e não durante muito tempo. É um álbum que faz tudo em colaboração constante: ou ataca com tudo o que tem, ou se recolhe em estática para repôr energias. Avança numa velocidade tão constante, que pode até funcionar como um mantra.
Não querendo fazer demasiadas comparações, vamos fazê-lo aqui apenas para situar o leitor: a nível instrumental, os Perfect Pussy devem qualquer coisa a Melt Banana, a Spacemen 3 e a Sonic Youth; serão talvez primos um bocado afastados de Muuy Biien, de No Age, talvez até de Japandroids.
As vozes lamacentas de Graves, sem por isso ser menos histriónicas, fazem lembrar a monotonia (não para ser tida pejorativamente, neste contexto) de uma Yasuko Onuki – mas com a falta de vergonha de uma Azelia Banks, visto que as letras parecem focar-se frequentemente, naquilo que é possível discernir, em conteúdos sexuais e violentos. A voz é entregue ao mesmo nível dos restantes instrumentos e os Perfect Pussy estão em evidente sintonia.
Say Yes to Love é daqueles trabalhos seminais que define um grupo e revela um conjunto de músicos que não parece inclinado a desistir, sem medo. Excelente.