Sleeping With Ghosts, dos Placebo, é um disco sem grandes altos mas também sem baixos. Visto pela crítica, na altura, como um trabalho menos inspirado mas que se tornou um dos favoritos dos fãs da banda inglesa.
Menos glam e mais brilhante, é uma forma de resumir o crescimento discográfico dos Placebo. Em Sleeping With Ghosts encontramos 12 canções bastante focadas em relações que não tiveram as melhores críticas na altura. Ainda assim, falamos de um disco que chegou a 4º na tabela de vendas em Portugal, o que prova que este já foi um país de bom gosto generalizado.
Este é um disco que envelheceu bem. Podemos ter alguma dificuldade em destacar os pontos altos – que os há – mas ao contrário do que se escreveu na altura isso não se deve à desinspiração mas sim ao nível coerente que encontramos neste trabalho.
Desta vez os Placebo apostam mais fortemente nos sons eletrónicos e casam-nos com a típica guitarra afinada em fá que já nos tinham habituado nos três discos anteriores e é uma das imagens de marca da banda.
A faixa-título oferece-nos uma das composições mais calmas do álbum, a par de “I’ll Be Yours”, “Centerfolds” ou “Protect Me From What I Want”, que vai em crescendo até ao refrão e depois acalma. Temos também “Something Rotten”, que tem uma seção bastante agressiva a partir dos dois minutos. No geral é um disco bem acelerado e só quem não saiu do “Teenage Angst” do primeiro disco pode achar que os Placebo são mais brandos neste álbum. É, ainda assim, um disco de uma banda já mais adulta, e nota-se nas suas composições.
É um facto que as referências a drogas são menores que em discos anteriores mas entre drogas e relações convenhamos que as analogias são abundantes. Há também referências a Sonic Youth em “Plasticine”, de quem a banda é fã, e a James Dean, em “This Picture”, sobre o medo de envelhecer, morrer jovem e o facto de lhe apagarem cigarros no peito. Vão ao google e logo veem.
Uma das minhas preferidas logo na altura deste disco foi “Plasticine”, apenas pelo facto de parecer começar a música a meio, sem qualquer introdução ao tema. Mas os grandes hits foram “The Bitter End”, ainda hoje das mais requisitadas, e cantadas, nos concertos ao vivo.
No geral Sleeping With Ghosts não está ao nível de Without You I’m Nothing mas essa é uma meta inalcançável depois da primeira vez. Fica a discografia da banda londrina com um disco sólido, competente e que, ao envelhecer, consegue ser nostálgico mas não demasiado datado.