Dois mil e dezoito é, talvez, o ano em que as escolhas da equipa Altamont são as mais brandas até à data. Em anos anteriores, era comum ver no nosso top 20 vários discos de guitarras, rock’n’roll mais pesado ou mais melódico, mas em geral, guitarradas.
Este ano, em vinte discos, não encontramos mais que cinco álbuns que se enquadrem nesta descrição. Encontramos algumas bandas que associamos a esse tal rock, mas que este ano fizeram discos mais suaves. Depois, e se compararmos com as nossas escolhas em anos anteriores, encontramos em 2018 um leque alargado de estilos: do jazz (Kamasi Washington) à electrónica (Nils Frahm), do flamenco (Rosalía) ao punk (IDLES). Ao todo, nesta contagem, os membros da nossa redacção votaram em 124 (!) discos diferentes.
Ao contrário do que temos vindo a assistir, num breve olhar pelas listas dos melhores de 2018 para várias publicações internacionais, não há um disco que seja O grande álbum do ano (lembramos, por exemplo, Kendrick Lamar ou LCD Soundsystem num passado bem recente).
Este ano, as escolhas dos nossos pares foram bastante mais divididas e nelas não encontrámos nenhuma outra publicação que tivesse escolhido o mesmo #1 que o Altamont. E, no nosso caso, os Spiritualized foram mesmo vencedores consensuais – escolhidos por 12 dos 22 elementos da nossa redacção. O mago Jason Pierce mostrou que não é preciso mudar fórmulas para fazer um disco que nos toca no mais íntimo. E, com tal beleza, arrebatou os corações da nossa redacção, conquistando o nosso número 1, com clara vantagem para o segundo classificado.
Também ficámos arrebatados com os tais ‘discos suaves’ de Kamasi Washington, Marlon Williams, Richard Swift, Beach House ou Arctic Monkeys (que venceram igualmente o prémio de banda que mais opiniões dividiu este ano – quem gostou, gostou muito do novo disco. Quem não gostou, riscou os Monkeys da sua vida).
No outro extremo, os tais discos de rock a sério, saudamos o surgimento de novas bandas como os IDLES, Shame, Rolling Blackouts Coastal Fever e também o regresso de Jim James.
Não podemos deixar de evocar um dos fenómenos mais marcantes de 2018 – a espanhola Rosalía, que reinventou o flamenco e conquistou o mercado e a crítica, principalmente, nos Estados Unidos.
Podemos concluir que 2018 foi um ano em que se consolidou um alargamento estético e artístico, na música que é feita – e ouvida – em todo o mundo, depois de anos em que a indústria tentava afunilar tudo num leque restrito de artistas. Com isto torna-se mais difícil criar novos ícones globais, mas ganhamos muito mais diversidade, quantidade e, desejavelmente, qualidade.
Duarte Pinto Coelho

20. Kids See Ghosts
Kids See Ghosts
O ponto intermédio da maratona de 2018 de Kanye West, Kids See Ghosts vê o rapper, ao lado de Kid Cudi, a lançar o seu melhor disco em anos. Com uns parcos vinte e três minutos, West e Cudi não se poderiam dar ao luxo de perder tempo com os excessos vazios que minaram os últimos dois discos de ambos e, nesse aspeto, Kids See Ghosts é a obra mais consistente que os rappers lançaram nos últimos tempos. Que Kanye West segue a sua musa independentemente dos lugares estranhos e pouco práticos para onde esta o leva já todos sabemos mas desde My Beautiful Dark Twisted Fantasy que não o víamos tão focado na sua experimentação. Um disco com uma produção engenhosa, na medida em que as nuances de cada música que, à primeira vista parece extremamente simples e minimalista, se vão revelando a cada escuta.
19. Jeff Tweedy
Warm
WARM é composto por canções ancoradas em guitarras e voz, bem escritas e bem cantadas, das mais sussurradas e comoventes pela vulnerabilidade às mais entusiásticas e comoventes pela procura de uma comunidade, de um encontro, de amor. As linhas de guitarra acústica e de pedal steel são devastadoras, as percussões de Glenn Kotche (dos Wilco) não arrebatam menos, a voz de quem canta o que sabe e põe tudo de si nisso não desilude. Jeff Tweedy não precisava de WARM para provar nada, nós é que precisávamos de o ouvir agora a solo para não nos esquecermos nunca que pese embora a química coletiva dos Wilco, ele, Jeff Tweedy, tem nome próprio e é um dos grandes escritores de canções das últimas décadas.
18. Jim James
Uniform Distortion
No seu terceiro disco a solo, Jim James muda o chip e coloca a sua guitarra no centro do palco. Basta-nos cinco segundos do arranque do álbum para percebermos que a guitarra será o principal ingrediente deste novo “prato” servido por Jim James. Um riff portentoso, que se vai repetindo mais à frente e é a essência de “Just a Fool”. Uniform Distortion é um disco bastante conciso e sensível aos desejos de qualquer apreciador de riffs de guitarra em catadupa, coisa cada vez mais rara no ano da santa graça de dois mil e dezoito. Venham mais destes!
17. Shame
Songs of Praise
Pós-punk com nervo, com sangue na guelra, com a sua dose de obscenidade e raiva, humor e sarcasmo, tudo isto se junta no caldeirão dos Shame para daí nos oferecerem a sua estreia em disco, directamente do Sul de Londres. Há até algum paralelismo com os Sleaford Mods, mas com menos violência, mais tacto e veia rock. Ter cinco miúdos de 20 anos a dizerem que Bowie e Iggy Pop são referências e que se juntaram apenas por serem os únicos da escola que gostavam de guitarra diz muito sobre o que é crescer no mundo actual. Se estes miúdos, num sessão da BBC, decidem fazer uma cover de “Rock Lobster“, garantidamente estão no caminho certo.
16. Rolling Blackouts Coastal Fever
Hope Downs
A herança australiana dos Go-Betweens está lá, uns R.E.M. de começo de carreira estão lá. Os Rolling Blackouts Coastal Fever não inventam a roda mas dão-lhe um aspecto lavadinho e deixam-na pronta para continuar a andar mais uns quarenta mil kms. “An Air Conditioned Man” é a música de arranque e que nos suga logo, com a sua guitarra periclitante, bateria a marcar o ritmo, música sem linha de progresso clara, ziguezagueando, sem nos permitir saber para onde vai na próxima curva. “Talking Straight” mantém o ritmo abrasivo, mesmo trocando de vocalista enquanto “Mainland” debruça-se sobre a dificuldade de viver num mundo onde numa praia da Sicilia se podem cruzar banhistas a aproveitarem o sol e pessoas a quererem salvar-se de uma vida de miséria em África. Dez músicas, 35 minutos e siga para bingo.
15. Richard Swift
The Hex
Richard Swift é um nome que se calhar não associamos directamente à música que faz, mas decerto já ouvimos o seu toque de Midas, como produtor de artistas como Damien Jurado, Kevin Morby, Nathaniel Ratteliff, Jesse Baylin ou Foxygen. E ouvimo-lo, quase como músico de sessão, com os Black Keys, The Shins ou The Arcs. No entanto, The Hex chega-nos em circunstâncias macabras, que não nos permitem ouvir o disco de olhos enxutos. Richard Swift morreu em Julho de 2018, com apenas 41 anos. O disco já estava quase concluído e saiu três meses depois. Um pouco como Blackstar, de David Bowie, podemos entender The Hex como uma despedida do artista. Mais macabro ainda, porque ele está a preparar-nos para o luto, ao mesmo tempo que faz também o seu – nos anos antes de gravar as músicas novas, perdeu a mãe e a irmã. Claro que todo este contexto dá ao disco uma aura dramática intensa, que ainda assim se sente, mesmo que não se lhe conheça a história.
14. Anna Calvi
Hunter
Hunter é ao mesmo tempo uma procura e uma afirmação de liberdade — de género, de vida, sexual e social. E é uma procura e uma afirmação belíssima, pensada e provavelmente trabalhada e editada ao pormenor, sem pontas soltas. Estão assim plenamente justificados os cinco anos de espera face ao álbum anterior. Anna Calvi aguardou ter mais coisas para dizer, reinventou-se e fez um álbum pessoal mas que urge ser ouvido, até por ter todos os homens e mulheres como destinatário. Ignorá-lo é imperdoável.

13. Lucrecia Dalt
Anticlines
Anticlines é um álbum que inquieta. No seu sexto disco, Lucrecia Dalt afirma-se no caminho que já vinha a percorrer de afastamento da doçura pop que pontuava os seus trabalhos iniciais e mergulha em experiências metálicas, clínicas, que ganham ainda mais dimensão com a spoken word da colombiana. Tudo ganha profundidade neste trabalho em que, numa ode à geologia, Dalt disseca as várias camadas da ligação entre o material e o incorpóreo, num ambient metódico que nos remete para uma atmosfera controlada, industrial, que modela a realidade.
12. Sr. Chinarro
Asunción
Asunción mostra-nos um músico cada vez mais maduro na arte de fazer canções. Todo o disco é muito coeso, toda a sonoridade é muito compacta, todos os temas podem ser escutados com imenso agrado. Não há um único que pareça ser menor, ou mesmo sem ponta de interesse. E há, como também sempre acontece, algumas canções que merecem ser hits, mesmo sabendo nós que isso dificilmente acontecerá num país que tem, como público maioritário, gente mais interessada em cantarolar os agoniantes despacitos desta vida. Mas isso pouco importa, pois talvez estejamos mesmo na presença de um dos mais sólidos discos do músico sevilhano.
11. Rosalía
El Mal Querer
Já na reta final do ano, Rosalía largou no mundo a sua obra-prima, um casamento improvável e surpreendentemente bem sucedido entre a tradição centenária do flamenco espanhol e a contemporaneidade sedutora do pop e do r&b. Um triunfo como poucos. El Mal Querer consegue o impossível de modos tão misteriosos que não nos atrevemos a questionar: não importa como é que os ritmos do flamenco se cruzam com o r&b ou como é que uma história escrita há oito séculos atrás nos consegue tocar por via da caneta e da voz de Rosalía. Mas mais vale não fazer perguntas: o que importa aqui é que El Mal Querer é daqueles discos que precisávamos urgentemente e que nem sequer sabíamos querer.
10. Beach House
7
Em equipa que ganha não se mexe – ou, a mudar algo, é para melhor. Os Beach House mudaram: têm agora um som mais amplo, com mais camadas, mais próximo da catarse de uns My Bloody Valentine que da finitude de uns Mazzy Star e se Victoria Legrand é uma Nico dos tempos modernos, Alex Scally é o fazedor maior de todo este mundo de fantasia, que em 2018 se desvia da dream pop mais introspetiva e abraça sem receios o psicadelismo. 7 é um disco de redescoberta, de reencantamento, de reconquista – não que alguma vez duvidássemos do nosso amor pelos Beach House, mas há muito que não estávamos tão apaixonados pelo duo como agora.
9. Eels
The Deconstruction
Um punhado de canções maduras, carregadas de experiências, aprendizagens e conselhos para a vida. Depois de quatro anos sem sabermos dele, Mr. E. surpreende com The Deconstruction e suspeita-se que seja dos seus álbuns mais inspirados dos últimos anos. Mr. E. decidiu, finalmente, arregaçar as mangas e remexer nessa poeira que é a lamentação da vida, até encontrar um foco de luz ao qual não só Everett, mas quem o escuta, se possa agarrar. É um álbum de desconstrução da mágoa e reconstrução em algo tangivelmente mais belo.
8. Jonathan Wilson
Rare Bids
Ao terceiro capítulo, Jonathan Wilson acrescenta ao seu rock clássico algumas incursões sobre o soft rock. As melodias bonitas de Rare Birds seriam mais do que suficientes para nos encher a alma. Mas Wilson é guloso, quer sempre mais e mais, e por isso embrulhou as suas canções numa produção doentiamente perfeccionista, camadas sobre camadas sobre camadas, num festim luxuriante de sons de fazer inveja a Sgt. Peppers. Nas baladas introspectivas do disco, sucede um vício semelhante: o tempo demasiado lento, os silêncios demasiado longos. Pudéramos nós ter uma tesoura mágica e desbastar os “monos” longos, transformando-os em elegantes canções pop de três minutos. Pudéramos nós extirpar os silêncios excessivos e acelerar o metrónomo nas baladas. Então, Rare Birds seria uma obra-prima. E não apenas este óptimo disco.
7.IDLES
Joy As An Act Of Resistance
Em ano bastante positivo para o rock, os IDLES ajudam a puxar o barco, com um contributo visceral e intenso. A banda, através das palavras do vocalista Joe Talbot, dispara em várias direções, seja o Brexit e a incoerência da sociedade britânica nessa decisão, o machismo, o racismo, a frieza nas relações vividas nos dias de hoje, o uso assolapado de tecnologia. Fá-lo de uma forma aguerrida, gritando-nos aos ouvidos, com guitarras frenéticas e sempre a abrir. Hardcore puro e duro, fazendo-nos sentir bem a energia de estarmos não em casa, não no carro, não num escritório com fones nos ouvidos, mas numa sala de concertos, com o suor de Talbot a cair-nos em cima. Eis os IDLES, então, em 2018, a defender a utilização da alegria como ato de resistência, resistência a todo o status quo actual, tal como fez nos idos finais dos anos setenta o movimento punk original.
6. Kamasi Washington
Heaven and Earth
Heaven and Earth é um bálsamo para os ouvidos e para a mente, mais um marco muito relevante de um dos mais ambiciosos e talentosos músicos dos últimos anos. Heaven and Earth não foge à obsessão de Washington com os conceitos. O primeiro disco, Earth, representa a forma como o músico vê o mundo exterior; Heaven o modo como o vê interiormente, segundo a descrição do próprio, preenchido com carradas e carradas de música (à volta das três horas!) e um espírito conceptual que perpassa todo o trabalho, aqueles gigantescos coros, cordas, melodia e improviso aventureiro. Heaven and Earth é muito mais do que apenas jazz. Há um sentido melódico que consegue ao mesmo tempo habitar uma vaga estrutura de canção e carregar em si tudo o que o jazz tem de bom. E isso, hoje em dia, é muito mais do que poderíamos exigir.
5. Nils Frahm
All Melody
No seu nono registo sonoro de longa duração, All Melody, Nils Frahm continua a revelar-se uma das figuras mais audazes de um universo musical peculiar que casa elementos de música clássica contemporânea, eletrónica e ambiente. Frahm converte cuidadosamente o poder emotivo inerente ao mistério da música clássica às texturas da música eletrónica, todos eles misturados para construir as ferramentas necessárias de chegar ao coração, criando uma hora e pouco de música que parece, triunfalmente, confirmar que sim, o seu universo sonoro tem o poderio de mover a sua audiência ao extremo das suas capacidades, fazendo-a mesmo perder os sentidos.
4. Stephen Malkmus and The Jicks
Sparkle Hard
Ao sétimo álbum pós-Pavement, Stephen Malkmus dá-nos aquele que bem poderá ser o seu melhor trabalho a solo até agora. Sparkle Hard não difere substancialmente do que Malkmus tem feito em discos anteriores mas a verdade é que, ao longo dos seus 11 temas, o novo disco soa mais coeso, mais assertivo, mais confiante. Agora, os riffs estão maiores, mais brilhantes, mais “in your face” na mistura, sem vergonha de servirem de traves-mestra a hinos maiores que a vida. Um disco de que o indie-rock estava a precisar.
3. Marlon Williams
Make Way For Love
As músicas de Make Way For Love têm todas uma estrutura semelhante: são conduzidas por uma guitarra ou por um piano, mas nenhuma é simples. Há guitarras slide, violinos, conjuntos de cordas, sintetizadores, baixos fortes e um acordeão em “Can I Call You” (entramos sem nos apercebermos, no mundo de Edith Piaf e tudo bate certo). Mas o que nos faz ficar neste disco são mesmo as palavras de Williams. Aquelas palavras destroçadas arrancadas das ruínas de um coração partido. Aquelas palavras que o músico convidou a ex-namorada a entoar e que ela aceitou. Aquelas canções que nos fazem sentir que estamos a entrar em terreno que não nos pertence, mas que não resistimos em invadir. Ouvir este disco e gostar dele é tirar prazer do sofrimento alheio. É ser um canibal que se alimenta do sofrimento de um frágil jovem com um talento do tamanho do mundo. Mas não podemos deixar de o ouvir porque aquelas canções são inacreditavelmente bonitas e deixam-nos a pensar no raio da vida e do amor.
2. Arctic Monkeys
Tranquility Base Hotel + Casino
À primeira audição, o sexto álbum de Arctic Monkeys tem muito pouco dos miúdos de Sheffield. Mas os miúdos cresceram e trazem-nos um disco adulto, denso e seguro. Encontramos aqui parecenças com Serge Gainsbourg e até com Beach Boys, há percussões suaves, sintetizadores ligeiros, produção cuidada. O disco foi inicialmente trabalhado por Alex Turner ao piano e nota-se o seu cunho em cada canção, quase como se o disco fosse um one man show. A languidez, a tranquilidade, um ligeiro cansaço. Procuramos inconscientemente, em cada faixa, com saudosismo, os sons dos nossos 20 anos. Sentimos falta da energia, das guitarras poderosas, dos hinos de concerto, de abanar o corpo com convicção e fechar os olhos a cada gesto instintivo de air guitar. Mas, a cada audição, este disco vai ganhando densidade, vai ganhando dimensão, vamos começando a gostar cada vez mais dele, aprendendo as suas nuances, ganhando empatia com a sua estranheza.
1. Spiritualized®
And Nothing Hurt
Com Jason Pierce é sempre assim. Os seus pequenos demónios transformam-se na mais bela música. And Nothing Hurt não escapa a essa boa sina. Ninguém faz música como os Spiritualized®. Quem disser o contrário merece severo castigo, e igual punição seria igualmente justa para todos aqueles que teimam em passar ao lado de uma banda que conta já com um extenso passado discográfico de excelência. And Nothing Hurt é um disco repleto de interesse e um regresso feliz dos Spiritualized®. Um álbum que deve ser ouvido do princípio ao fim sem se saltar por cima desta ou daquela faixa, até porque todas são meritórias e merecedoras da nossa atenção. Riquíssimo, este novo Spiritualized®. Estamos rendidos, vergados ao encanto e ao génio de Jason Pierce!
Redacção: Alexandre R. Malhado, Alex Pires, Beatriz Negreiros, Carlos Lopes, Cátia Simões, Diogo Barreto, Duarte Pinto Coelho, Filipe Garcia, Francisco Fidalgo, Francisco Marujo, Francisco Pereira, Frederico Batista, Gonçalo Correia, Inês Dias, Luís Marujo, Mafalda Piteira de Barros, Miguel Moura, Pedro Primo Figueiredo, Ricardo Romano, Teresa Domingues, Tiago Crispim, Tiago Freire.