Thru Me Again é um disco interessante, enquadrável no rock psicadélico, embora traga algumas coisas diferentes face a alguns dos nomes mais conhecidos do género – e é precisamente essa a razão pela qual o refiro.
Lançado pela banda chilena La Hell Gang em Julho do presente ano, pela editora Mexican Summer, a banda oferece-nos aqui um (belo) revivalismo dos 60’s através de um psicadelismo arrastado e sonhador, próximo do que têm feito uns Holy Wave, por exemplo.
A ideia, bem mais do que promover uma viagem sonora acelerada (às vezes até estreitando a relação com o garage-rock), é criar em Thru Me Again um estado de letargia e arrastamento através de uma viagem no tempo: mesmo nos momentos de maior aceleração, que existem, não se pode dizer que exista uma explosão sonora (estou-me a lembrar, por exemplo, do psicadelismo dos Pond movido a hard-rock e riffs disparados, por exemplo).
Neste LP de apenas oito canções, destaca-se claramente a quarta: “The Beginning Remains the End” é uma canção de oito minutos e é uma viagem instrumental fantástica, entre guitarras aqui e ali distorcidas e uma bateria que acompanha bastante bem a demanda sonora.
“Everywhere I go”, outro tema interessante, traz com a parte vocal e a menor dimensão da faixa uma aproximação (qb) do trio chileno do formato canção convencional. Seria uma espécie de dream pop se não soasse obscura e densa – e é caso para dizer que o hipnotismo aqui é muito pouco relaxante ou eufórico.
“Last Hit” é mais uma canção a reter: toda a receita anterior se mantém, mas há uma guitarra distorcida a viajar até planetas Hendrixianos. Já “What you want you got it” é outra viagem revivalista de longa duração (cerca de sete minutos e meio) com sons fantasmagóricos a invadirem a sonoridade hipnótica e constante do tema.
Pode-se dizer que, face ao disco anterior (Just What Is Real, de 2009), a banda deixou um rock mais clássico e abrasivo, de sonoridade mais “directa”; com este Thru Me Again traz guitarras distorcidas, vozes a surgirem cheias de eco e viagens densas ao Mundo dos sonhos. É revivalismo, sim senhor, mas bom.