A banda Holy Wave é um dos segredos mais bem guardados do psicadelismo (sobretudo na Europa) a que vale a pena estar atento. Em Janeiro deste ano lançaram o disco mais recente, Relax, pela Reverberation Appreciation Society – a editora do Austin Psych Fest, território onde a banda se decidiu instalar em definitivo.
Relax é um belo disco dentro do género – possivelmente, um dos mais interessantes álbuns psicadélicos lançados este ano.
O disco tanto evoca as sombras fantasmagóricas de uns Black Angels (o que não surpreende, dado que o produtor é Erik Wofford, que já trabalhou com os últimos) em canções como “Night Tripper”, por exemplo, – onde a guitarra e as vozes hipnóticas se lançam sobre uma atmosfera sombria e densa promovida pelo baixo e pelo órgão -, como evoca um garage-rock semi-espacial (em canções como “Psychological Thriller”) e até um rock mais solar e sonhador – oiçam-se os temas “Do You Feel It”, sobretudo, com as suas vozes arrastadas, o seu órgão ritmado e a sua guitarra semi-veranil – e “Sol Love”, por exemplo).
Um dos grandes pontos fortes do disco é que, não tendo singles óbvios ou refrões catchy – isto apesar da música não ser, de todo, inacessível -, tem algumas canções de qualidade muito alta, que juntas são coerentes e formam este disco bem conseguido.
O que temos em Relax é um conjunto de músicos que, ao longo dos 42 minutos que duram as onze canções, conseguem – entre guitarras, baixos e órgãos – criar uma atmosfera ora mais sombria ora mais leve, mas sempre sonhadora. Ouvir Relax é viajar para outros planetas sem sair de casa e, durante a viagem, ir encontrando momentos mais tensos e outros mais relaxantes (lá está).