Yoshimi é o deslumbramento com a beleza de tudo e a consciência amarga de que tudo perece.
O que fazer a seguir à perfeição de Soft Bulletin? Como descalçar a bota? Simples: não tendo medo de fazer outra epopeia psicadélica à sua imagem e semelhança. Por isso, Yoshimi Battles the Pink Robots é grandiosa e orquestral, maior do que a vida, recorrendo a todos os truques baixos para nos comover e conseguindo-o (bah! devia haver uma lei a proibi-lo!). A bateria possante como um coração de um gigante e os sintetizadores-ufanos-julgando-se-orquestras são destacados na mistura, com o objectivo vil de maximizar a nossa devastação emocional. A guitarra eléctrica quase não aparece, e uma inofensiva guitarra acústica toma o seu lugar, para escândalo dos fãs mais roqueiros. A voz é irresponsavelmente vulnerável – imaginem um Neil Young, versão indie – e é acompanhada por um coro de vozes celestiais que nos fazem ascender ao céu. Com todo este fogo-de-artifício estético, as melodias lindas e melancólicas não nos conseguem entristecer, só nos maravilhar. Ao escutarmos estas canções, sabemos que tudo é passageiro mas mágico, que dói muito partirmos porque a vida é um milagre. Yoshimi é esse deslumbramento com a beleza de tudo e a consciência amarga de que tudo perece. E ainda há quem desdenhe a fugaz pop…