O oitavo disco dos nativos de Leeds, como o nome indica, é “easy” mas também esquecível.
A presença de Ricky Wilson no the Voice inglês não lhe fez bem e nota-se. Neste oitavo trabalho da banda parece que as ideias novas escasseiam e a banda esforça-se por tentar agradar a todos e acabar a soar a clone dos Maroon 5.
A maior prova disto vem na segunda canção, “Beautiful Girl”, uma daquelas boas para passar na rádio e ficar no ouvido durante 10 minutos. O problema é que os Kaiser Chiefs não eram nada disto. Nas dez canções que compõem o disco nunca voltamos a ouvir a pujança de temas anteriores, coros de lalala em crescendo ou alguma raivinha de cidade pequena do Reino Unido.
O mais parecido que temos a isso é “The Job Centre Shuffle”, canção que conta com a participação do rapper Hak Baker, e “Reasons To Stay Alive” que tem as guitarras serradas do antigamente. Na primeira destas duas até conseguimos imaginar acompanhar aos gritos “Hey you, what to do, what, you look so hot” enquanto Wilson corre pelo palco. É o mais que se aproxima a hinos de outros tempos. E fica longe.
Destaque também para “Noel Groove”, tema que fala sobre um vendido e que transpira por todos os lados uma crítica a um Gallagher e que é engraçada e tem umas guitarrinhas funk pouco características.
É verdade que a banda se tem afastado do espírito das primeiras canções, mas até no disco anterior encontramos pelo menos um single destacado, como “Record Collection” no disco de 2019. (Não falo do álbum Stay Together de 2016 porque gosto do disco mas recuso-me a acreditar ainda hoje que pertence à discografia dos Kaiser Chiefs. Foi produzido por Brian Higgins, que trabalhou com Pet Shop Boys, para terem uma ideia da coisa.)
Mas voltando a este oitavo trabalho dos ingleses, “How 2 Dance” e “Jealousy” soam a bom pop mas sempre sem soar a Kaiser Chiefs. São músicas dancáveis, com um baixo saltitão e claramente produzidas por Nile Rodgers, que faz tudo o que toca soar a Nile Rodgers. (Diz que Amir Amor também produziu o disco.) Se tiver a tocar não mudamos mas não é um disco que queiramos comparar nem nunca vai apetecer ouvir, porque não tem nada a ver com esta banda. O pub-pop morreu para dar lugar a um funk diluído para gente de meia idade.
Se calhar não podemos pedir mais a uma banda com 20 anos de existência. É pena.