Os bar italia são uma das bandas indie do momento depois do lançamento do seu terceiro disco, Tracey Denim. Será que o hype vive à altura do som?
O trio londrino de Nina Cristante, Jezmi Tarik Fehmi e Sam Fenton são, largamente por causa dos seus dois trabalhos anteriores, alardeados como uma das novas grandes cenas da música indie e Tracey Denim é a comprovação desse estatuto.
Uma banda com nome de canção de Pulp é logo indicativo de bom gosto mas não se pode dizer que a inspiração sonora seja latente. Os bar italia vão mais a 90’s depressivos lo-fi como uns Pavement, ou uns Slowdive por exemplo.
O álbum começa forte com “guard” e “Nurse!”, esta talvez a mais radiofónica de todo o disco, com a voz de todos os integrantes da banda numa canção com um toque claramente britânico e ao mesmo tempo com algo reminescente do underground dos anos 90. É indicador do que podemos encontrar no resto do disco, com canções curtas e variadas sem sair do estilo. E umas com letra pequena e outras com letra grande sem que se perceba muito bem porquê.
Todas as canções andam à volta dos dois, três minutos e não parecem durar mais do que deviam. No geral é consistente sonicamente, com muito fuzz nas guitarras, vozes calmas ou sentidas e sempre a atirar para um shoegazezinho como em “changer” ou “punkt”. Noutras o som é mais limpo, como “yes i have eaten so many lemons yes i am so bitte”, “F.O.B” ou “maddington”, onde os desgostos amorosos tomam o palco.
Em relação a trabalhos anteriores, este Tracey Denim, o primeiro editado pela Matador, soa mais limpo e mais pegajoso no bom sentido. Podia ser um disco um bocadinho mais curto mas os 44 minutos de duração não fazem sentir que se alonga demasiado. Não quer isto dizer que o disco pode cansar mas sim que com músicas tão curtas, chegamos a uma altura em que se misturam todas na nossa cabeça.
Se cresceram ou são fãs do shoegaze dos anos 90, vozes estilo Robert Smith, canções sobre desamores e guitarras com fuzz, pode ser que encontrem aqui um dos álbuns do ano.