Há sete anos foi um dos discos mais celebrados do 2009 mais alternativo. Voltar a Merriweather Post Pavillion é redescobrir um grande amor estampado em álbum, um disco cheio de nuances, bom gosto, reviengas de tom, ritmo, densidade. Eram os Animal Collective em ponto de rebuçado.
Por esta altura, o grupo de Baltimore já era nome respeitado em camadas mais atentas a música exploratória, sensorial. Feels, em concreto, já havia garantido o lugar no panteão alternativo. Em 2009, o grupo não chegou ao estrelato global, mas o pulo mediático e reputacional foi amplo. Merriweather Post Pavillion, o álbum em questão, foi simultaneamente o disco mais imediato e acessível dos Animal Collective até à data, e ao mesmo tempo foi o que mais sagazmente condensou grande parte da obra passada. Ao mesmo tempo, foram várias as janelas sonoras abertas para um futuro que, sabemos agora, não atingiu (ainda) o brilhantismo de então.
Aqui há música pop, psicadelismo em múltiplas formas, música esotérica e improvável, segmentos dançantes, algum pulsar rock, vozes, camadas de vozes, maquinaria e sons amplos e expansivos. Há “My Girls”, um dos temas mais palpitantes e imediatos de sempre dos Animal Collective, mas marca presença também a hipnótica “Lion in a Coma”, a repetitivamente insana (elogio!) “Brother Sport”, e momentos mais contemplativos como “Taste” ou “Bluish”.
Merriweather Post Pavillion é um disco fundamental para se entender o que é a música dita alternativa do século XXI. Nem todos gostam, mas todos devem ouvir e tentar perceber este óvni. Sete anos depois, continua fresco, pertinente, e daqui a 50 ou 100 anos tem tudo para permanecer um objeto artístico plenamente válido.