Dispersos pelo Velho Continente, os Silence is a Boy raramente conseguem juntar-se todos ao mesmo sítio no mesmo local. Quando isso acontece, o desfecho é imprevisível e provavelmente com efeitos devastadores. É isso que está prestes a acontecer, já este sábado, às 23h30 na Casa Independente.
Para começar, façam uma breve apresentação da banda. Como se conheceram e decidiram formar a banda?
Telheiras é o berço de mais de metade da banda. Somos uma banda de amigos que antes de serem banda já tocavam juntos depois dos jantares e nas férias em grupo. Nunca se tocavam covers nessas jams, aprendíamos temas uns dos outros. E assim se foi compondo um repertório que nos obrigou a formar uma banda.
Sendo vós gente de outras bandas/actividades, como compõem as canções? Há muito trabalho conjunto, ensaios e tal, ou é mais individual/caseiro?
Os temas são, no seu esqueleto, escritos e compostos pelo Pedro Inês. Como os membros da banda estão espalhados pela Europa, a banda tem um dispositivo mais ou menos sofisticado de comunicação musical que envolve troca de vídeos de novos temas onde cada membro vai dando a sua achega, ou troca de opiniões sobre mixes que vão acontecendo no estúdio, etc. O períodos de ensaios são sempre curtos e intensos como um campo de férias quando eras criança. Cada um de nós tem a sua profissão e a sua agenda. Conseguir ter toda a gente na mesma cidade ao mesmo tempo é um milagre que a banda festeja com muito regozijo.
Apesar de terem um nome inglês, a vossa música é bem portuguesa. Há uma intenção clara nisso, ou acabou por sair assim?
Há uma intenção forte nisso, mas não é muito clara. A maioria dos membros da banda levaram com os testes psicotécnicos e as PGAs ao mesmo tempo que o sonho de uma Europa sem fronteiras nos era vendido. Erasmus e Interrail. As questões à volta do conceito de identidade nacional são férteis de várias maneiras. O que é “música bem portuguesa”? Aquela que é cantada em português? O Cante Alentejano deixa de ser música portuguesa se for cantado em Holandês? O que é uma banda que canta em português mas tem um nome em inglês? Qual é a diferença de potencial poético e literário entre uma língua que atribui géneros a objectos e uma que não. Em português a palavra “silêncio” é do género masculino e em inglês não carrega qualquer significado relacionado com genitais. Há um interesse forte mas nada claro nestas questões de língua e de linguagem.
Já lançaram um disco e um EP (certo?), e estão a planear novo álbum para 2016, sim? Em que fase vai esse trabalho?
Foi gravado e está a ser misturado nos estúdios Golden Pony. Está quase quase lá.
Que tipo de disco nos espera? Sobre o que versa? Que mudanças ou continuidades vão introduzir na vossa música? Já têm data prevista e título para o disco?
O próximo álbum vai se chamar A Compelling Piece Of Evidence. É um álbum mais eléctrico e ligado à terra que o Agora Com Passarinhos Lá Fora. É uma cristalização do movimento estético iniciado com o EP Rua 9. É um álbum rock cheio de pica adolescente para gente graúda. É um álbum cheio de canções de paixão desavergonhada pelo outro. É um álbum inexplicável. Só ouvido.
Para quem nunca viu, com é um concerto vosso? No Magafest já vão tocar temas novos?
Vamos tocar temas do “A Compelling Piece Of Evidence” que ainda não saiu e temas novinhos em folha. Um concerto nosso é como ver um elefante bebé atolado na lama a ser salvo pela mãe. É como ver um velho leão ser derrotado e expulso do bando por um macho mais jovem para morrer sozinho ao sol. É como ter quinze anos e estar aos melos com a tua paixão debaixo de uma chuva torrencial na savana africana depois de um fogo causado pela queda de um meteorito. Um concerto nosso é inexplicável. Só visto.