Ao décimo segundo disco, os Violent Femmes dão-nos mais do mesmo, mas sem as canções que realmente nos agarrem a este Hotel Last Resort
Nascidos há quase 40 anos, descobertos quando tocavam nas ruas, os Violent Femmes tocaram o céu de imediato com o seu álbum de estreia, de 1983, um clássico que ecoa ainda hoje. Nada chegou perto desse sucesso, mas os primeiros discos da banda americana têm todos algo de muito bom (ou no caso de Hallowed Ground, de 1984, de excelente). Isso assegurou a sua sobrevivência até hoje mas, tal como sucede com tantas bandas – veja-se o exemplo dos Pixies, entre muitos outros – lança uma sombra negra sobre todos os discos que o grupo vai lançando.
Depois de se terem separado, voltaram para uma nova vida, e dão-nos agora Hotel Last Resort, o segundo disco desta nova fase, depois do morno We Can Do Anything, de 2016. Ao primeiríssimo acorde, está lá o som Violent Femmes. A banda de Milwaukee continua a habitar convictamente o seu mundo de folk-rock que celebrizou e que até gerou tantos imitadores, sem grande sucesso. No centro de tudo continua a voz de Gordon Gano, igual ao que sempre foi, o baixo proeminente, a guitarra acústica. As poucas cores musicais aqui reveladas vêm da sempre bem-vinda guitarra de Tom Verlaine, na faixa que dá nome ao disco. De resto, tudo já visto, tudo previsível. Mais, a fórmula habitual não é particularmente versátil, sendo muito difícil não sentirmos que já ouvimos muito disto antes.
Este disco é feito de temas novos e de algumas sobras que foram ficando guardadas, sendo tudo gravado agora. Há aqui algum entusiasmo na forma como Gano entrega os temas, mas isso não chega para os elevar da mediania. Há muito que não se espera qualquer tipo de reinvenção por parte dos Violent Femmes. Mas aceitamos que não nos surpreendam se nos derem mais do mesmo, mas em muito bom. Ora não abundam por este disco temas que nos marquem, e certamente não há um que mereça figurar num best-of selectivo desta banda.
Hotel Last Resort é um disco que os fãs de sempre podem espreitar à confiança, para matar saudades. Mas tem pouca utilidade em qualquer outra circunstância.