Faltam três dias. Chegou, portanto, a altura de contar as horas e os minutos até à abertura de portas do décimo primeiro Primavera Sound da cidade invicta! É mesmo isso que estamos a fazer. Tic-tac, tic-tac, tic-tac…
Tem sido assim nos últimos largos anos. Malas feitas e aí vai o Altamont rumo ao Parque da Cidade. Desta feita, volta-se à normalidade dos três dias de Festival, e já não os excecionais quatro do ano passado, comemorativos do número redondo que se cumpriu em 2023. Mas passado é passado, uma vez que agora o que importa é o futuro próximo. É já quinta-feira, dia 6. O que propomos agora é fazer referência aos concertos dos artistas que mais queremos ver e ouvir. Dia a dia, com horas exatas do início de cada um dos muitos momentos que nos esperam. And we can’t hardly wait…

Como costuma acontecer, a primeira voz que se ouvirá em cima do palco canta na nossa língua. Ana Lua Caiano (Palco Super Bock – 16.35 horas), artista em notável ascensão cá no burgo, trará ao Primavera Sound o recente Vou Ficar Neste Quadrado, álbum que tem recebido elogios da crítica e que tem caído no gosto do público que aprecia a sua moderna abordagem musical. One-woman-show, é certo que Ana Lua Caiano agradará a quem a for ouvir. E logo a seguir, tentaremos espreitar a segunda portuguesa do dia, a poética Silly (Palco Porto – 16.45 horas) e os seus ambientes leves e insinuantes que misturam pop e r&b. Os Royel Otis (Palco Vodafone – 17.40 horas) trarão o seu jangle-pop dançante e desenfreado ao Parque da Cidade. No entanto, os primeiros que queremos verdadeiramente ver do princípio ao fim (porque isto de escrever sobre o que se vê e ouve leva-nos a correrias que nos impossibilitam de assistir do princípio ao fim a maioria dos concertos) são os Blonde Redhead (PSB – 18.30 horas) e o seu rock alternativo de grande qualidade. Sit Down For Dinner, o fresquíssimo disco da banda, deve soar muito bem ao vivo. Os Amyl and The Sniffers (PV – 19.40 horas) e o seu rock bem esgalhado e desafiador prometem um belo espetáculo, sem dúvida. PJ Harvey (PP – 20.50 horas) é a grande vedeta do primeiro dia deste Primavera Sound, e estamos ansiosos por esse concerto. Expectativas muito elevadas, sem dúvida. É uma das grandes criadoras do nosso tempo. Uma mulher do palco. Um luxo! Mitski (PV – 22.05 horas) é outro nome a não perder, até porque a menina nipo-americana não costuma brincar em serviço, pelo que a promessa de um enorme concerto irá, seguramente, cumprir-se. A cabeça de cartaz de nome SZA (PP – 23.30 horas) trará o seu new soul ao Porto para grande gáudio de uma crescente multidão de fãs. Não sendo esse exatamente o nosso caso, estaremos lá para ouvi-la e para vos contar o que foi acontecendo em cima do palco. Ana Frango Elétrico (PV – 01.10 horas) desligará as luzes do primeiro dia do Primavera Sound. A multifacetada carioca apresentará o seu recente Me Chama de Gato que Eu Sou Sua, disco celebrado aqui no Altamont no ano transato.

No dia seguinte, nova onda de boa música e de bons espetáculos. Não querendo fazer referências de forma exaustiva, salientaremos apenas Samuel Úria, pois claro (PSB – 18.30 horas), e um pouco mais tarde os muito esperados Lambchop (PSB – 20.40 horas), assim como as The Last Dinner Party (PP – 20.50 horas). Pena os concertos decorrerem quase em simultâneo, mas cá nos arranjaremos para que possamos ver e ouvir um pouco dos bons americanos e das indie inglesas. Um pouco mais tarde, mas não muito, os amigos australianos dos King Gizzard, os Tropical Fuck Storm (Palco Plenitude – 21.50 horas) prometem levar dinamite para a sua atuação. The Legendary Tigerman (PV – 22.05 horas) também partirá tudo com o seu poderoso e ruidoso blues-rock, como é já tradição, mesmo não sendo Natal. No entanto, a maior parte das atenções do dia estará virada para Lana Del Rey, a menina-já-não-tão-menina-assim, mas que ainda mantém um ar fresco e jovem. Também aqui, as expectativas estarão elevadas, pelo que estamos curiosos em assistir à cabeça de cartaz do dia 7, o segundo do Primavera Sound 2024. Praticamente à mesma hora, os ruidosos experimentalistas Wolf Eyes (PSB – 23.20 horas) darão um ar da sua graça. Concerto ingrato para a dupla de Detroit, uma vez que a vizinha americana deverá roubar muita gente para o seu concerto. Os Justice (PV – 00.45 horas) encerrarão a noite.

No sábado, dia 8, última etapa do Primavera Sound 2024, outros grandes momento de música terão lugar no Parque da Cidade. Será nesse dia, aliás, que acontecerá o momento mais esperado pela turma Altamont. Será também nesse dia que se fará, estamos certos, uma homenagem a Steve Albini, o mentor dos Shellac (PV – 19.40 horas, numa listening party que promete), banda fetiche do Primavera Sound, falecido no passado mês de maio, que atuará no recinto. Mas não nos antecipemos nos horários, e voltemos à nossa listagem cronológica. Três artistas portugueses a abrir as hostilidades: Tiago Bettencourt (PSB – 16.35 horas), a dupla Best Youth (PP – 16.45 horas) e os sempre animados Expresso Transatlântico (PPlenitude – 17.40 horas). Bom arranque de dia com pronúncia lusa. Estamos muito curiosos em ouvir Joanna Sternberg (PSB – 18.30 horas), pois talvez nos faça lembrar o saudoso Elliott Smith pela melancolia triste do seu legado. Também espreitaremos os Mannequin Pussy (PP – 18.40 horas), pois então, sempre mais propensos ao furor do que à ternura, na sua visão punk muito particular. Depois, o mundo parará para o concerto mais esperado, para o concerto dos enormes Pulp (PV – 22.05 horas). Vai ser bom, muito bom, muito animado ouvir, entre tantas outras, a extraordinária “Common People” ao vivo, acompanhada pelos trejeitos arty do líder Jarvis Cocker, que em palco é sempre um show à parte de tudo o resto. Oh, yeah! Para que se mantenha a qualidade indie, os quase portugueses The National (PP – 23.15 horas) deverão trazer ao palco os recentes First Two Pages of Frankenstein e Laugh Track pela voz do “senhor das trevas” Matt Berninger. Será uma boa noite, estamos crentes. UM pouco mais tarde, os Mandy, Indiana (PPlenitude – 00.15 horas) animarão as hostes (há por ali um pouco de LCD Soundsystem e de Yeah Yeah Yeahs) e agitarão os corpos dançantes de quem os for ouvir. E para os mais resistentes, talvez valha a pena esperar por Arca (PV – 01.35 horas), que faz dos seus concertos algo mais do que um espetáculo musical. E ponto final, cairá o derradeiro pano do evento.
É tudo isto, e ainda mais, o que nos espera nos dias 6, 7 e 8 próximos. Boa música num ambiente e num local sempre muito agradáveis, fazendo figas para que a chuva não nos queira lavar o corpo e a alma, uma vez que já por lá apanhámos alguns dilúvios memoráveis. Pode ser que o deus dos festivais esteja connosco e nos sorria com um tempo ameno e prazeroso. Se conseguirmos dar conta do que aqui propomos, já nos daremos por muito felizes, até porque felizes já nós estamos pela expectativa de voltarmos daqui a dias ao Primavera Sound da cidade invicta!