Lofizera, que pode até ser nome de cerveja, é como um bom veenho… para deixar repousar e apreciar com todos os sentidos!
A conversa sobre a música que não entra à primeira audição e que depois vai crescendo dentro de nós é quase tão antiga como a fábula do patinho feio. Porém, enquanto não desistimos de explorar discos, artistas e sonoridades, estou convencido que será uma sensação que não só nunca nos deixará como a iremos procurar cada vez mais.
Vem isto a propósito do concerto dos Veenho na bonita Sala 6 sita no coração do Barreiro. A banda lisboeta editou em 2023 o álbum Lofizera – adorado por uns, negligenciado por outros e que, confesso, me causou alguma confusão. Não entrou à primeira, portanto. Nem à segunda!
O que me criou mais estranheza nessas primeiras audições foi a opção estética – denunciada, aliás, pelo nome do disco – de deixar as vozes muito escondidas na mistura. Depois, e por falha minha, também achei o som algo colado aos Dinosaur jr.
Decidi dar-lhe um tempo e, de preferência, tentar perceber como resultaria em palco.
Voltei então ao disco na semana passada e fui lentamente entrando na coisa e enamorando-me de Lofizera, enquanto me chateava com a minha parvoíce. Sim, continua-me a soar a Dinosaur Jr.… e a um monte de outras coisas bem tricotadas que tanto nos trazem a sujidade das velhas ruas de Lisboa como as memórias de uma praia no inverno. E se por um lado, continuo a pensar que as vozes poderiam saltar um pouco à frente, por outro, vou cada vez mais ficando enfeitiçado pelo canto da sereia das harmonias Veenícolas, se me permitem o trocadilho.
A Sala 6 encheu para se deixar encantar pelo canto da sereia dos Veenho, desta vez a apenas uma só voz – o que só contribuiu para apreciar mais ainda as harmonias presentes no disco – acompanhada de uma maré sónica por onde surfou à boleia do jogo das duas guitarras bem amarradas aos nossos pés por uma secção rítmica sólida ao mesmo tempo que discreta.