“Não me tirem o samba”, não é shôr Caetano? Aos 79 anos, o mestre camaleão da canção brasileira não dá sinais de velhice. Continua a compor e a criar grandes canções, não as apressando e dando-lhes tempo para se lhe revelarem, para se apurarem e para soarem a novas.
É revelador de uma lucidez impressionante, especialmente dado que o tempo não trava para um septuagenário. Mas Caetano sabe esperar, deixar que a inspiração apareça e resulte em grandes canções (até porque o labor, esse já é antigo). E “a gente chega lá”, mesmo que ande “tudo muito esquisito, tudo muito errado”. Com samba pode-se tudo, com Caetano tem-se o mundo — ou, por outras palavras, tem-se um dos mais vastos e mais portentosos patrimónios de cantigas em língua portuguesa, ainda em construção.