Um disco ambiental e sereno, com a qualidade que Rodrigo Leão nunca deixa de apresentar, assim é este Método.
Rodrigo Leão tem estado muito activo, com vários discos de relevo nos últimos anos. Em 2020, fez-nos chegar nada menos que duas obras: Avis 2020, um verdadeiro “disco de quarentena” inspirado pela natureza e com um carácter mais impressionista; e este O Método que, habitando território familiar do músico, traz ainda assim algumas novidades.
É um disco talvez menos épico do que algumas das suas obras mais conhecidas, um trabalho que nos impressiona pelo seu bom gosto e contenção. Dois factores influenciaram o rumo deste registo: o trabalho para a exposição “Cérebro – Mais Vasto Que o Céu”, da Gulbenkian, que aprofundou o conhecimento e o gosto de Rodrigo Leão pelo lado atmosférico das electrónicas; e o convite ao músico e produtor italiano Federico Albanese, para colaborar e trazer uma perspectiva externa que pudesse ajudar na descoberta de novos caminhos.

Na verdade, apesar dessas mexidas, sentimos sempre que estamos no território confortável de Rodrigo Leão. O Método cozinha de forma extremamente bonita e elegante a electrónica, elementos clássicos e raízes da música popular portuguesa, num todo coerente e inspirador.
Todos os discos de Rodrigo Leão são bandas-sonoras, alguns só não têm qualquer filme associado. Também aqui a sua música é extremamente visual, transportando-nos para outros mundos e outras histórias.
O Método é um pouco de tudo isso, um disco ambiental mas nada artificial, com cheiro a terra e a árvores. Um trabalho sereno, depurado e cheio de beleza, ideal para estes tempos conturbados.