The Tallest Man on Earth. Já muitas vezes me tinha questionado sobre o que teria passado pela cabeça deste sueco, com pouco mais de 170 cm de altura e cabelos castanhos, a roçar o moreno, quando se lembrou disto. Que ser humano é este que, sabendo-se oposto a todos os estereótipos de qualquer escandinavo, acha que Tallest Man on Earth é um nome que o pode definir? Porque é que Kristian Matsson escolheu ser Tallest Man on Earth de cada vez que sobe ao palco?
Porquê? Porque quando está em palco, Kristian Matsson é enorme! Vimos eu, e uma Aula Magna esgotada.
Poucos minutos depois da hora marcada apagam-se as luzes e Tallest Man on Earth entra em palco, a correr e com os dois braços no ar, mostrando-se pronto para nos cantar as suas histórias tristes. Sempre de guitarra ao pescoço – contei umas seis ou sete diferentes – Kristian quer mais do que simplesmente tocar e cantar. Ele quer realmente tornar a experiência de ouvirmos as canções de Tallest Man on Earth ao vivo valer a pena. E é isso que acontece de cada vez que desliza palco acima, palco abaixo, dançando ora num pé, ora noutro. De cada vez que encolhe os ombros, incrédulo com as palavras que canta, ou quando a sua voz enrouquece sempre que se irrita. Quando avança para “Love is All”, sozinho na guitarra eléctrica, e bate com o pé no último “but, like always, i let them go!”, revoltado; Ou quando interrompe “Dark Bird is Home”, que alguns de nós começavam a querer acompanhar com palmas, mas que sendo sobre o divórcio, para Kristian não merecia as palmas. Paramos. Tallest Man on Earth quer-nos em sintonia. E agora, a fazer-se acompanhar pela primeira vez por uma (brilhante) banda, há mais liberdade para brincar e brilhar musicalmente.
E nós ali sentados, uns nas cadeiras melhor posicionadas, outros preferindo as escadas para verem melhor, tivemos direito a tudo. Tallest Man on Earth passou por todos os seus álbuns e EPs, não faltando as famosas “King Of Spain”, “The Dreamer”, “1904” e “Darkness of a Dream”, nem esquecendo “The Wild Hunt”, “I Won’t Be Found” ou “The Gardner”, num regresso ao passado assumidamente feliz, por poder voltar a tocar as suas canções mais antigas pela primeira vez, outra vez. Tivemos direito a tudo, até a discos pedidos, obrigando Kristian a desafinar uma guitarra de propósito para poder satisfazer o desejo de alguém da plateia. E antes de tocar “Sagres”, Kristian abre o jogo, revelando que o seu último álbum começou a ser pensado há dois anos e meio atrás, durante umas férias de verão, que incluíram uma passagem pela segunda ponta mais ocidental da Europa. Sim, a primeira música que escreveu para Dark Bird is Home foi em Portugal e é sobre “Sagres”.
Contas feitas, passou a correr. Entre cada canção só existe o tempo para trocar de guitarra e mesmo assim não damos pelas duas horas de concerto passar. Tallest Man on Earth fez questão de agradecer várias vezes por estarmos ali a ouvi-lo, como que humildemente contente por querermos realmente ouvir as suas canções que ele reconhece demasiado tristes. E a verdade é que, por mais tristes que sejam, Tallest Man on Earth deixou-nos bem-dispostos e de coração cheio do princípio ao fim do espetáculo. Nós aplaudimos de pé. Ele prometeu voltar e não esquecer aquela noite.
Sábado à noite, Tallest Man on Earth subiu ao palco e foi enorme!
Fotos gentilmente cedidas por Everything is New