Depois de cinco anos sem editar, os Tara Perdida vieram apresentar ao Coliseu o seu novo álbum Dono do Mundo e o público (que ocupava cerca de 80% da lotação do Coliseu, o que não é nada mau para uma banda punk portuguesa), rendeu-se por completo ao seu enérgico punk pop à Green Day (de vez em quando amargado com um Hardcore mais agressivo), de tal forma que ninguém pareceu dar conta do facto de a qualidade técnica do som deixar muito a desejar.
Como seria de esperar, foram as canções do último álbum as que mais foram cantadas por João Ribas (o vocalista dos saudosos Censurados), nomeadamente os seus dois singles: a “O que é que eu Faço Aqui” foi a canção de abertura; e a radio friendly “Lisboa” (“sold out”, dirão os punks mais puristas!) apareceu lá para meio do concerto, com direito a convidado especial e tudo (Rui Almeida nas teclas).
Apesar dessa natural predominância do novo disco, as canções antigas mais emblemáticas tinham que estar presentes e foi com “Zombies” do primeiro álbum que se atingiu o clímax do concerto, com o segundo convidado da noite: o mítico vocalista João Pedro Almendra (antigo companheiro do Ribas, quer nos Ku de Judas, quer na pré-formação dos Censurados; além de fundador dos Peste & Sida). Almendro estava frenético, correndo e saltando como um maníaco, fazendo de quando em vez movimentos insólitos como se fosse um morto-vivo acabado de engolir um frasco inteio de speeds (uma pequena amostra do que deve ter sido a alucinada cena punk da Alvalade dos anos 80). Pelo meio, ainda houve direito a um cover muito aclamado dos Ramones (“Blitzkrieg Pop”)
O público era maioritariamente jovem mas a longevidade dos Tara Perdida (18 anos é muito ano) fazia com que já houvesse mais do que uma geração a assistir (os antigos punks dos anos 80 levavam agora consigo as suas filhotas de 12 anos, com os seus collants rasgados a condizer). O grande entretenimento dos adolescentes era saltarem para o fosso que antecede o palco, e havia algo de cândido na sua transgressão pois a grande preocupação dos seguranças de 200 quilos era ampararem a sua queda para ninguém se aleijar.
O único senão que encontrei no concerto foi um Ribas algo apagado, que nem sequer nos dirigiu um único carinhoso impropério.
Ainda assim, um grande regresso que nos fez todos cantar com orgulho: “nós somos Tara Perdida”…
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(Fotos: Mário Romano)
SETLIST
O que é que eu Faço Aqui
Podia Ser Dr.
Mensagem
Sentimento Ingénuo
Dono do Mundo
Fizeram-se Amigos
Blitzkrieg Bop
(Ramones cover)
Segredo
Onde Tudo Acaba
Jogar de Novo e Arriscar
Lambe Botas
Memórias (Não Há Nada a Fazer)
Batata Frita
Quanto Mais Eu Grito
Lisboa
O Fim
Patricia (Melhores Dias te Esperam)
Desalinhado
Encore:
A Ponte
Tara Perdida
Zombies
Isto Não Vai Melhorar
Encore 2:
Pernas P’ró Ar
Realidade (Não Sou de Ninguém)
Feia
Nasci Hoje
Lambe-botas é ganda som!!!