
Era Gonçalo o primeiro a entrar em palco. A apresentar o seu EP a solo, Quim, o baixista e guitarrista dos bracarenses Long Way to Alaska fez da Casa Independente um lugar mágico, onde melodias sensíveis e notas contrastantes aqueciam a atmosfera daquela sala, iluminada por um fio de luzes quentes e acalmada por um escuro reconfortante.
A noite era de Primavera e o público sentava-se no chão para ouvir Gonçalo contar aquelas histórias feitas de sons etéreos e harmónicos, com a ajuda de pedais que facilitavam a viagem, moldando a guitarra. Perto do final da curta demonstração de emoções feitas elipses sonoras, o simples e tímido rapaz sentado ao fundo da sala transformava a história do quarto roubo do seu carro num conjunto belíssimo – aliás, como em todas as músicas – de camadas de guitarra.
Seria, então, a seguir que entrariam os Ermo em palco. Já com alguns trabalhos na bagagem (onde se incluem um EP, um disco e uma versão de “FMI”, de José Mário Branco), a dupla nascida em Braga no ano de 2011 é um projecto musical desigual a tudo, completamente saído de outra dimensão. Em palco, uma intensidade enorme e diferente de tudo o que estamos habituados a ver.
Com uma electrónica negra e pulsante, António Costa gritava todas as frustrações que lhe vinham à alma, destemido e desmedido, determinado a arrepiar a espinha do público que, apesar de pequeno, sentia cada vibração no chão e no corpo. Um concerto forte em melodia, forte em letras e forte na presença em palco de Costa, acompanhado por Bernardo Barbosa, que tomava conta dos ritmos e melodias, liderando um qualquer culto à Lua que pôs toda a gente em transe completo.
[wzslider]
(Fotos gentilmente cedidas por Afonso Sousa)