Quem espera sempre alcança. Após dois anos sem se realizar, o Festival Silêncio volta esta semana – em grande força – para plantar na rua a palavra, o pensamento e a cultura. Saindo dos modelos convencionais de festival, o mote do Silêncio é a Palavra, tendo a mesma múltiplas manifestações – e sendo as principais a palavra escrita, a palavra dita e a palavra cantada. Este ano, destacam-se os concertos de Manel Cruz, Medeiros/Lucas, B Fachada, Ermo, Lavoisier e Samuel Úria com JP Simões.
A programação é densa – pode ser consultada aqui – e por isso deixamos em baixo os destaques musicais que terão lugar durante os quatro dias (2, 3, 4 e 5 de Julho) do festival. Todos os concertos terão entrada livre, excepto no clube Sabotage, onde a entrada terá o custo de 5€.
Dia 2 de Julho (Quinta-Feira):
- Para os madrugadores, o festival tem início às 7h00 da manhã com exposições, dramatizações, entre outras coisas. Mas o festival arranca oficialmente com a Lisbon Poetry Orchestra, um “colectivo de amantes da palavra”, que reúne várias facetas do festival numa só actuação de “músicos, poetas e declamadores” que evocarão “nomes como Cesariny, O’Neill, Pedro Oom” e outros nomes que deixaram uma marca que “ainda soa extraordinariamente actual” – às 23h30, na Praça de São Paulo.
- À mesma hora, no clube Sabotage, Presidente Drógado cantará as “aventuras e desventuras dos Dom Quixote de todos os Casais Ventosos”, sempre aliado a uma “indumentária social com sotaque alfacinho e de extremo bom humor” e seguido do projecto Come-se a pele?, onde o baixo de Filipe Leote joga com os textos crus de Patrícia Filipe.
- O dia termina com o concerto provocador de Cakes Da Killa, nome forte do chamado queer rap, que “tem vindo a quebrar os lugares comuns da linguagem do hip hop mundial, circunscrita a universos não raras vezes homofóbicos e a uma imagética marcadamente sexista”. O artista vem a Portugal na sequência do lançamento do seu último EP, #IMF, lançado em Fevereiro último. – às 23h50, no Musicbox.
Dia 3 de Julho (Sexta-Feira):
- O rock forte dos Monstruo também às 17h no Espaço Atmosferas da ETIC, seguido do Concerto Para Olhos Vendados às 17h45, na Praça Dom Luís.
- Às 19h30, os palcos do Cais do Sodré começam a aquecer e a tomar forma: a terna e morna Cachupa Psicadélica às 19h30 (Pç. D. Luís); a saudade eléctrica de Medeiros/Lucas (Pç. S. Paulo) às 20h00; o ruído duro dos Putas Bêbadas (ETIC) às 20h30.
- O destaque da noite vai para Manel Cruz, claro. Consigo trará um concerto parecido com aquele que deu no recente NOS Primavera Sound, onde misturará passado, presente e um talvez futuro. A “Estação de Serviço”, nome dado ao espectáculo, abrirá portas e fará arder o combustível pelas 22h00, na Praça de S. Paulo.
- De seguida, no Lounge, VaiaPraia e as Rainhas do Baile recuperam as sonoridades do pós-punk e do new wave com um toque português – às 23h00.
- No Sabotage, Tiago Gomes e Tó Trips recuperam um espectáculo e disco de há uns anos, onde o primeiro lerá trechos de On The Road, de Jack Kerouac, e o segundo evoca os sons da América dos anos 50 na guitarra. A noite seguirá com Tiago Castro (Radar) e Tiago Gomes nos pratos – às 23h30, com entrada livre após o concerto.
- Outro dos destaques vai seguramente para os Ermo, cujo trabalho tem vindo a justificar todas as palavras escritas em torno deles e cuja música fala por si, sem precisar de apresentação pré-audição. A fechar o dia, o concerto obrigatório terá lugar no Musicbox, às 23h50.
Dia 4 de Julho (Sábado):
- Às 18h00 far-se-á silêncio para ouvir Vera Prokic ao piano, cujo repertório gira em torno da palavra. O concerto terá lugar no aquário estúdio da pianista, no nº14 da Rua da Ribeira Nova, atrás do Mercado da Ribeira.
- Às 19h00, na ETIC, tocam os Dois – que são, na verdade três. É ver e ouvir, pra tirar teimas.
- Tiago Inuit e João Alvarez invadem às 19h30 o palco da Praça de São Paulo com Rota do Sul: uma viagem de guitarra portuguesa com sonoridades árabes e andaluzes, entre outras, à mistura.
- Pelas 20h00, na ETIC, será a vez do “compêndio de beats & hooks” de Iguanas & Kridinhux, com Silva, o Sentinela a começar logo dez minutos depois na Praça Dom Luís. Será às 20h30 que, na Rua Nova do Carvalho, os Não Simão tocarão o seu rock inteligente e cuidado, seguidos do curiosíssimo jogo de baixo e voz dos Couple Coffee, que às 21h00, na Praça de São Paulo, recuperarão influências dos mais inesperados lados.
- O nome mais sonante do dia – e com mérito – será, pois claro, o de B Fachada. Volvido um ano depois do seu regresso pós-sabática, o irreverente cantautor promete fazer das suas e fazer um ponto de situação do último ano, misturando todos os outros que o precedem. O acontecimento terá lugar às 22h00, na Praça de S. Paulo.
- Depois de ouvido o Fachadês cantado, serão os os Sampladélicos a pegar em computadores para fazer o que lhes apetece com sons, tradições e lugares – Musicbox, 23h50.
- A noite termina sólida com o Bate-Papo entre JP Simões e Samuel Úria, que no mesmo palco partilharão “histórias cantadas e acompanhadas à guitarra”.
Dia 5 de Julho (Domingo):
- O concerto imperdível do dia é o dos Lavoisier. A apresentação incompleta está aqui. A completa e imperativa só é possível presencialmente. Às 18h00, na Praça Dom Luís. De seguida, pelas 19h00 um dos concertos mais divertidos e fora de série do festival será o dos Reportório Osório. Não custa ficar sentado mais um bocadinho.
- Meia hora depois, na Rua Nova do Carvalho, Sallim encherá o Cais do Sodré de quanto reverb ouver pra usar, em canções assumidamente lo-fi que transportam consigo linguagens e manifestações infinitas.
- Éme é provavelmente um nome que já corre pelas bocas da maioria do público do festival. Canções pop íntimas de um cantautor que tem dado sinais de ser à prova do tempo – às 20h00, na ETIC. À mesma hora, na Praça de São Paulo, Zeca Medeiros (Medeiros/Lucas) regressa ao festival a solo para contar as histórias infinitas que deixou por contar.
- A voz rouca mas doce de Gisela João invadirá o Cais do Sodré para mais uma vez mostrar o portento que é, terminando o festival com o fado às 22h00, na Praça de S. Paulo.