Clarão, a novidade dos PAUS, não é o disco mais fácil e imediato do mundo. É um murro na mesa que o quarteto serviu no Lux na passada quarta-feira: sem apelo nem agravo, com pouco espaço para respirar, mas com muita elegância e bom gosto.
“Vocês estão a ser uns queridos”, diz a certa altura Hélio Morais, um dos bateristas, perante uma sala praticamente lotada. Com a maior fatia do repertório a incidir nas novas composições, o músico elogiava a forma atenta e interessada como o Lux escutava o novo Clarão. Momentos altos houve vários, mas um em concreto merece destaque: “Corta Vazas”, primeira faixa do disco, aqui tocada já na reta final, e aquela que mais ganhou com a passagem da rodela para o palco. Serpenteante, envolvente e brutalmente rock. Incrível.
Espaço houve também, claro, para momentos passados e glórias recentes. “Deixa-me Ser”, “Mudo e Surdo”, “Muito Mais Gente”, por exemplo, foram recebidas como aquele amigo que esteve fora mas quando regressa nós sabemos perfeitamente que ele toma o café com adoçante e tem preferência por italianas (ainda estou a falar de cafés, ou talvez não). Portos seguros e malhas de valor cujo tempo já garantiu mérito maior que o fulgor de uma estação.
Os PAUS são uma banda gigante, de potencial exportável generoso, e que tocam que se fartam ao vivo.
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(Fotos: Hugo Amaral)