Eddie Vedder prometeu o melhor disco de sempre dos Pearl Jam. Como era previsível, enganou-nos. Mas atenção: Dark Matter é, por larga margem, o melhor dos últimos cinco discos dos ícones de Seattle.
Dark Matter é, portanto, uma surpresa – já não esperávamos tanta força e intensidade num disco dos Pearl Jam, mesmo que o anterior, Gigaton, já tivesse sido, que foi, um avanço significativo face aos três anteriores e muito esquecíveis Pearl Jam (2006), Backspacer (2009) e Lightning Bolt (2013).
“Scared of Fear” e “React, Respond”, logo no arranque, dão a toada para grande parte do disco: rock acelerado, rasgadinho, boas canções, Pearl Jam ‘vintage’, prováveis sucessos em palco. Mas “Wreckage”, logo depois, é a pista para uma suspeita que já Gigaton havia providenciado: atualmente, é nos temas mais lentos, intensos e emotivos (não confundir com lamechices para betos-surfistas) que os Pearl Jam ainda se diferenciam.
Nesse campo, “Waiting for Stevie”, “Got to Give” e, acima de tudo, “Setting Sun” (melhor canção dos Pearl Jam em 25 anos), são momentos maiores de Dark Matter – ah, e já agora, podem saltar à frente o tema-título, primeiro avanço do disco e de longe a faixa mais indistinta do álbum.
Está aqui um disco ao nível de Ten, VS. ou mesmo No Code? Não. Mas, e olhando para uma segunda linha de discos dos Pearl Jam, Dark Matter fica bem na prateleira ao lado de Binaural ou Riot Act, devolvendo o grupo à relevância e ultrapassando pela direita os discos das últimas duas décadas. Já não é nada mau.