Agora é a sério. Depois de um primeiro disco menos ambicioso em chegar ao grande público (Remember When), os The Orwells lançaram no passado mês de Junho Disgraceland, o seu segundo álbum.
Estes cinco rapazes americanos (um vocalista, dois guitarristas, um baixista e um baterista), vindos de Chicago, não serão seguramente a banda revelação do ano no rock norte-americano (epíteto que assenta muito bem a uns Parquet Courts, por exemplo) mas lançaram um disco relativamente interessante e, sobretudo, promissor.
Disgraceland tem alguns altos e baixos mas, no geral, é um disco rock interessante. Algures entre o garage rock e o “flower punk” (conceito adoptado pelo grupo, cujos direitos de autor pertencem aos Black Lips: «Demasiado hippie para ser punk, demasiado punk para ser hippie»), o disco revela um grupo que ainda parece estar a assimilar referências (entra a habilidade de composição dos Strokes do seu período áureo, o tal “flower punk” dos Black Lips e o garage mais abrasivo da Califórnia – Fidlar, Ty Segall, etc).
Ainda assim, existem já alguns aspectos interessantes neste Disgraceland e no que são os The Orwells hoje: a plena noção de que ter uma atitude “rock” fica bem (tanto na sonoridade como nas prestações ao vivo algo subversivas da banda) mas que essa atitude não impossibilita a escrita de canções ambiciosas.
Veja-se o som pesado mas agradável de “The Righteous One”: essa é uma das melhores canções do disco, e é tudo o que interessa numa banda “flower punk” no seu esplendor, embora o resultado final ainda não seja esplendoroso.
“Gotta Get Down” também não é uma malha de se deitar fora, sobretudo porque depois de um começo mais pacífico há uma aceleração que soa muito bem: a dado momento existem guitarras a ranger e fazem todo o sentido, terminando-se com um catártico Mario Cuomo a cantar «My daddy’s got a twelve gauge/I hope I don’t find it».
Relevantes são também as canções “Who Needs You”, onde ouvimos uma ambição desmedida porque jovem (uma espécie de “nós estamos aqui, somos jovens e mandamos nisto tudo” tornado canção) e “Blood Bubbles”, a canção que os The Killers escreveriam se tivessem o sangue a ferver e quisessem ver mosh pit na plateia.
Os bons momentos de Disgraceland são mais ou menos tudo isto: sensibilidade pop aliada a agressividade punk. Que no resto do disco (o que equivale a dizer: nas outras sete canções) ainda não esteja tão bem doseada é verdade. Mas esta ambição e subversão adolescente só pode dar frutos ainda maiores no futuro.