Desde que editaram o The Fragile, em 1999, que os álbuns de NIN me começaram a passar ao lado, mas a culpa não é só deles. Foi a partir daí que os NIN como banda desapareceram e passaram a ser, definitivamente, um projeto de um músico chamado Trent Reznor, que depois de ter andado – literalmente – a chafurdar na lama durante os concertos nos anos 90 e a ser um agarrado a uma droga qualquer, reabilitou-se e tornou as suas composições mais limpas, mas mais viradas para as novas eletrónicas e, em alguns casos, demasiado simplistas. Já eu cresci, ganhei outros interesses, e a eletrónica nunca foi uma delas.
Mas os NIN são uma banda do coração. Os primeiros discos serão, para sempre, álbuns de vida e tudo o que lançaram ouvi e dei o benefício da dúvida. Não gostei particularmente dos primeiros álbuns dos anos 2000, mas em 2008, o Ghosts I-IV e o The Slip continham uma certa antiguidade. Tinham aquele som áspero tão distintivo dos NIN e a parte mais etérea do Downward Spiral e do The Fragile. E até gostei imenso da banda sonora do The Network – que deu um Óscar a Trent Reznor.
Dito isto, tinha de dar o normal benefício da dúvida ao novo Hesitation Marks, editado em setembro, mas já ando há mais de dois meses a ouvi-lo e ainda não sei se gosto ou não. Objetivamente, o álbum conjuga muito bem tudo o que Trent Reznor andou a fazer nos últimos anos – de bom e de mau. Ou seja junta, a eletrónica mais minimal (“Running” ou “Various Methods of Escape”), as sonoridades etéreas (“I Would For You”) e algumas composições demasiado pop e básicas (“Everything”), mas depois junta-lhe aquela eletrónica à la anos 80 do Pretty Hate Machine (“Copy of A” ou “Come Back Haunted”) e alguma da aspereza típica dos NIN (“Disappointed”). Acho que é por isso que me está a baralhar.
Diria que mais do que um álbum dos NIN, Hesitation Marks é mais uma experiência de Trent Reznor, que ainda por cima vem acompanhada de concertos que são mais um espectáculo de sombras e luzes. Talvez ao vivo – e já estou à espera deles para um dos nossos festivais – o disco tenha outro impacto e me faça decidir de vez.