A vocalista das Ronettes tinha 78 anos. Cantou em temas como “Be My Baby” e “Baby, I Love You”, canções que moldaram todo um imaginário no início da década de 60.
Ronnie Spector era uma força da natureza, mas que actuou sempre sob uma capa de contenção. É a voz de uma das canções mais fenomenais da história da pop (“Be My Baby”) e uma pioneira do modelo feminino da década de 50 e 60. Morreu esta quarta-feira aos 78 anos, vítima de um cancro.
Veronica Yvette Bennett nasceu em Nova Iorque a 10 de Agosto de 1943, descendente de afro-americanos, nativo-americanos e irlandeses. Começou a cantar com a família ainda na adolescência e a desenhar um visual que se tornaria marcante.
Juntamente com a sua irmã Estelle e a prima Nedra, Ronnie revolucionou a banda feminina, rompendo com a tradição de menina bonita e caseira. Armou o cabelo bem para cima, vestiu o vestido mais apertado ao corpo que encontrou e cantou ao ouvido de milhões de pessoas. “Não tínhamos medo de ser sensuais. Esse era o nosso número”, escreveu Ronnie na sua biografia Be My Baby: How I Survived Mascara, Miniskirts, and Madness, or, My Life as a Fabulous Ronette. A sua atitude e forma de cantar influenciaram centenas de artistas que se seguiram, desde Amy Whinehouse (veja-se o penteado) a Patti Smith.
A sua sensualidade atinge os píncaros naquela que é uma das mais perfeitas canções pop de sempre, Brian Wilson dixit. Sim, sabemos que é a segunda vez em três parágrafos que referimos que “Be My Baby” é uma canção pop perfeita (eis a terceira vez), mas nunca é de mais falar sobre este portento sob forma de acordes e harmonias. Esta é a canção que capta todos os ingredientes que fizeram das Ronettes um sucesso: um gingar único, uma voz cativante e uma produção imaculada (a cargo de Phil Spector).
Ouvimos a entrada de bateria (aquele rufar…), imaginamos Ronnie a swingar ao ritmo da música, a abrir os lábios e deixar sair os apelos de “Baby, baby, baby don’t leave me” e ficamos agarrados para sempre.
Mas apesar da doçura do seu cantar, a vida de Ronnie não foi nada fácil. Em 1968, um ano depois das Ronettes se terem separado, casou com Phil Spector, o génio conturbado que a tornou prisioneira na sua própria casa.
Depois desses anos de cativeiro, a carreira de Ronnie não voltou a descolar, apesar de ter colaborado com Jimi Hendrix, George Harrison ou Bruce Springsteen, mas continuava a ser acarinhada por cada sítio em que passava, fosse no seu espectáculo a solo na Broadway, ou em colaborações com outros músicos que tanto influenciou.
Ronnie morreu esta quarta-feira, aos 78 anos, depois de uma vida dura carregada de canções doces.