O segundo longa duração do trio californiano Mini Mansions cheira a Queens of The Stone Age. E não é por acaso. Com a colaboração em algumas misturas de Josh Homme, o vocalista, o terceiro vértice do grupo é Michael Shuman, baixista dos QOTSA e que aqui é responsável pela voz e bateria. E o resultado é um disco consistente e cheio de surpresas.
The Great Pretenders demorou dois anos e meio a ser gravado e conta com colaborações como Alex Turner, a inconfundível voz de Arctic Monkeys, no tema “Vertigo” e de Brian Wilson, fundador dos Beach Boys, em “Any Emotions”.
O trabalho tem influência da pop dos anos 60 e com algo de (quase) psicadélico, além do toque rock de QOTSA, indo buscar muitas parecenças no tom descontraído de Beach Boys. The Great Pretenders arranca com “Freakout!”, um cartão-de-visita bem-disposto, com uma letra que contradiz o ritmo (“I’ve been down”) e cantada em falsete, com um toque de Soft Cell, que marca o tom do resto das 11 faixas. Segue-se “Death Is A Girl”, com uma guitarra ritmada onde se sente mais o tom de QOTSA. E em “Creeps”, a terceira faixa do disco, quase soa a David Bowie.
Destaque, claro, para “Any Emotions” e Brian Wilson (na segunda voz), a meio do LP, uma das faixas mais bem conseguidas do disco e onde se regressa ao falsete no refrão. Logo a seguir, “Vertigo”, para mim o melhor tema deste trabalho, com Mr. Turner a emprestar a voz (e bem) a grande parte da música e a apelar ao sexy (“Let’s make love to one another”). Refrão viciante e sintetizador junto às guitarras. Uma delícia.
Mais rock, “Mirror Mountain” vai buscar um pouco a The Kills com guitarras desorganizadas e a voz a regressar ao falsete, sobretudo nos coros. A fechar “The End, Again”, um tema mais tranquilo, também ele em falsete e cheio de guitarras distorcidas e ecos.
The Great Pretenders é um disco emocional, cheio de sons experimentais, falsetes, quase existencialista mas sem melancolia. O tom, aliás, mesmo reflexivo é de esperança e boa disposição. Um excelente segundo trabalho de Mini Mansions.