Greatest Hits é um excelente disco de estreia em que o piano nos conforta e transporta para lugares distantes e para dentro de nós próprios.
Comecemos pelo óbvio: este é um disco de estreia de um tipo de 20 anos, pelo que o nome de Greatest Hits é um exercício no mínimo curioso.
Este é o primeiro disco de Máximo Francisco, jovem prodígio do piano que se destaca pela sua qualidade técnica mas, e sobretudo, pela sensibilidade da sua execução e, acima de tudo, da sua composição.
E Greatest Hits porquê? Porque estão aqui reunidos 12 dos temas compostos por Máximo desde que começou a perceber que, mais do que tocar piano, podia criar ao piano. Como tal, podia chamar-se Best of ou coisa parecida, porque é uma seleção dos trabalhos que o músico quis aqui reunir.
Tem a formação clássica no Conservatório e estuda jazz na Holanda, mas aquilo que se ouve em Greatest Hits é mais do que o resultado de um currículo. São peças exclusivamente de piano, verdadeiras canções sem voz, em que o jazz serve apenas como rótulo simplista e enganador. Pense-se nas canções de Jorge Palma ao piano, melodias bonitas e profundas, de uma aparente simplicidade que nos fazem entrar de cabeça, corpo e alma neste Greatest Hits, sem que nos percamos em exercícios labirínticos de um jazz mais conceptual.
O que se destaca aqui é a forma envolvente como este disco instrumental nos conquista, transmitindo uma tranquilidade e uma beleza tão necessárias nos dias que correm. Um trabalho em que o silêncio é tão importante como as notas, e cuja inventividade melódica nos transporta para bandas-sonoras imaginadas, desde o recato do quarto a lugares mais exóticos.
Não destacamos temas porque o disco vale como um todo, e apostamos que quem o ouvir vai descobrindo músicas favoritas aqui e ali, até se deixar conquistar pelo todo. Greatest Hits é para ouvir dessa forma (ou melhor ainda, com o toque analógico de um vinil).
Uma excelente estreia que muito promete para o futuro e que, apostamos desde já, figurará entre os melhores discos nacionais editados este ano.