Quatro raparigas de países diferentes entram num bar e, com a produção de Alex Kapranos, fazem um disco festivo que tanto vai à cumbia colombiana como ao rock psicadélico turco
Um disco com um nome que soa a latino, totalmente instrumental, nada na moda e vindo de Londres? Que ovni é este? É Let the festivities begin!, o disco de estreia das Los Bitchos.
Este curioso projeto é composto por quatro raparigas que vivem em Londres, mas cujas origens vêm do mundo inteiro: há uma inglesa, uma australiana, uma sueca e uma uruguaia. Desta mistura nasceu um som também eclético e deliciosamente retro, à semelhança da imagem cuidada das intérpretes, que parecem todas saída de um filme dos anos 60.
Este disto de estreia, produzido pelo vocalista dos Franz Ferdinand, Alex Kapranos, é totalmente instrumental e mete no mesmo caldeirão a cumbia sul-americana (e a sua prima, a chicha), a surf music californiana e ainda toques de rock psicadélico turco dos anos 70. Com tantos ingredientes diferentes, será que este cozinhado funciona?
A resposta só pode ser afirmativa, e a prova está no pudim, como dizem os ingleses. Neste caso, está na festa e na vibração que nos invadem quando ouvimos estas moças. É música que nos faz mexer e, sobretudo, que nos faz sentir bem dispostos. Bem a tempo de um verão cheio de mergulhos e cerveja geladinha, como se quer.
Em tempos de fervilhante cancelamento cultural, é claro que podemos sempre ir aos originais, à Colômbia ou à Turquia. E é verdade que, por vezes, falta alguma ginga e sentimos que estamos perante um certo pastiche de bandas de baile que, na terrinha, estão a tocar para 70 convidados alcoolizados. Mas o que ganha aqui è a mistura desses vários estilos, uma “apropriação cultural” que, na verdade, é uma declaração de amor a terras e músicas distantes.
Que o digam aqueles que, meio sem o saber, acabaram por ver as Los Bitchos na edição deste ano do Super Bock Super Rock, no qual foram uma agradável surpresa.
Let the festivities begin! não vai mudar o mundo. Mas é uma delícia de verão, para uma suave festa que não queremos que termine.