Há uma força invisível que faz mover o mundo. Chama-se rock n’ roll. É uma força pulsante que se propaga através dos corpos como uma chama correndo num fio de gasolina. E se há algo que define – antes de qualquer outra coisa – os portuenses Lazy Faithful, é o facto de serem uma grande banda de rock. Daquelas que não precisam de isqueiros: acendem os cigarros só com um riff. Só depois vem a sua engraçada imagem de marca: o eterno roupão de banho branco que o frontman sempre veste nos concertos.
Neste primeiro longa duração, o garage rock «apunkalhado» que já conhecíamos do EP Nothing Goes On continua a ser o tom dominante. Canções-pólvora como a «Work It On Out», a «Good Night» e «Discussions» são como os The Hives soariam se tivessem tido uma alimentação à base de finos e francesinhas. O baixo hiperactivo, a bateria-motor-de-explosão, as guitarras-testosterona, a voz gritada à MC5: tudo nestes tripeiros é fôlego e intensidade. Nem quero imaginar a quantidade de multas que estes desgraçados terão de pagar por excesso de velocidade.
Mas não nos deixemos iludir: Easy Target não é só urgência e sangue na guelra. Podem andar a maior parte do tempo a 200 à hora em contra-mão, mas quando querem conduzem o carro suavemente, pondo toda a sua sensibilidade pop e melancólica nas suas canções (grandes malhas como a «Two Lines in the Sky» e a «Easy Target»). É neste delicado equilíbrio entre explosão e introspecção, raiva e silêncio que se faz um grande disco.
Ou eu muito me engano, ou a banda do lourinho do roupão branco ainda vai dar muito que falar…