Na noite de inauguração de uma nova sala para concertos em Lisboa, foi o Barreiro a fazer a festa.
Os Humana Taranja não serão novidade para quem segue o Altamont. Já os vimos no Capote Fest em 2023, na ZDB no final de 2024 e na Musa já este ano, por ocasião do aniversário da Saliva Diva. O seu terceiro disco, EUDAEMONIA ficou entre os nossos preferidos do ano passado. A nosso ver, mereceram então a honra de inaugurar um “novo” espaço na cidade – o Coliseu Club. E coloquei novo entre aspas porque, no fundo, nasceu da conversão do espaço anteriormente utilizado como bar numa sala polivalente e multidisciplinar, cuja capacidade poderá variar de 200 lugares sentados até 800 com plateia em pé.
Não foi um tremor de terra, mas terá sido seguramente um bom teste às capacidades da ponte 25 de Abril o que ocorreu no passado sábado (isto supondo que foi essa a utilizada para as gentes do Barreiro virem até às Portas de Santo Antão, pelo google maps tanto a distância como a previsão de duração de viagem é maior pela Vasco da Gama, mas todos sabemos que muitas das vezes a 25 de Abril está caótica), com a quantidade de gente e energia que se deslocou do coração da indústria a sul do Tejo para ver os seus meninos Humana Taranja. Entre entes queridos e familiares, amigos e conhecidos, os distintos lenços brancos com o nome da banda que usaram, impuseram-se entre as cerca de 250 pessoas que marcaram presença.
Mas, chega de conversa de encher chouriços Alex, e o concerto, a banda, as músicas? Pois bem, já lá ia – belo concerto destes garotos. Ia com expectativa alta, por ter lido os relatos anteriores referidos acima e por ter gostado muito de EUDAEMONIA, e estiveram à altura. A humana máquina taranja parece estar bem oleada quando pisam um palco, mesmo sem muita comunicação entre os elementos da banda conseguem entender-se e alinharem na descarga de energia dos seus respectivos instrumentos para o público. Mal se ouviram os primeiros beats de “Longe” fomos sugados para o tão bem descrito pelo colega escriba Rui Gato, amor punk.
Podia dizer que a intervenção de Alex D’Alva Teixeira na arrasadora “Deixa Arder” é imponente. Que “Banho Quente” parece ser tomado com sais de lavanda e jasmim, num belo diálogo entre Guilherme e Filipa. Que “Digo Tudo” é a grande música escondida da banda. Que “Podem Entrar” a encerrar, com Guilherme a cantar no meio do público foi incendiário. Podia dizer isto e muito mais, mas diria que o melhor seria procurarem na internet as próximas datas e vivenciarem por vocês o turbilhão que veio do Barreiro. A força da banda reside na entrega catártica e alimenta-se da retribuição do público fiel que os segue. O seu olhar diz tudo.
Setlist:
Longe
Digo Tudo
Fado Tropical
Zafira
Casa
Destino
Banho Quente
Cada Vez
Caminho da Bala
Pó
Estrela Polar
Copo de Vinho
Guerra
Deixa Arder
Podem Entrar
Encore:
Zum Zum
Fotografias: Rui Gato




















